Quando o assunto é religião, ou tem algum fundo religioso, é certeza de reuniões acaloradas. Nossos pesquisadores, mesmo afinadíssimos com a ciência, são, por isso mesmo, gente de carne, osso, dúvidas e questionamentos, principalmente quando o assunto em pauta se situa nos limites do que se acredita acreditar tratar-se de verdade, entendendo por verdade, qualquer ideia ou frase ou ditame ou dito que, repetido à potência ‘n’, ganha por exaustão: então, tá bão: que seja assim como está sendo dito há tanto tempo por tanta gente!

Aqui, a questão era tentar entender se pobreza era: 1) não ter nada; 2) não ter nada e por isso desfrutar de uma posição especial em relação a quem, tendo muito, acha que está com a bola toda junto a quem cabe decidir se pobreza é avareza; 3) não ter nada porque não merece ter nada mesmo; 4) bom porque ter muito é avareza de rico; 5) bom porque significaria desapego; 6) era bom porque ter muito mostraria orgulho e soberba; 6) bom porque ter muito torna a vida muita pesada, e é mais fácil caminhar não tendo nada do que tendo muito; 7) bom porque revelaria que o pobre não roubou muito, ou ao menos não o tanto necessário para ser considerado rico; 8) bom porque, depois de roubar muito, deixou umas boas moedas para a caridade e não ficou com todo o produto do roubo; 9) ruim porque de pobre o mundo tá cheio e mais um, menos um não faria a menor diferença na ordem das coisas; 10) ruim porque o pobre pode até ser limpinho, mas pobre é pobre, não costuma ter dentes em ordem, o que fica feio; 11) indefinido, porque, sendo pobre, o pobre não teria que dar nada para ninguém (ele é o primeiro a não ter nada) e assim não teria seu caráter de pobre testado; 12) indefinido, porque o pobre é presa fácil de discursos que querem tirar algum de quem (ele, pobre) não tem nada e fica só engrossando a riqueza de quem é avarento; 13) ruim, porque se deixa manipular por gente sem escrúpulo, mas com muita ganância; 14) ruim, porque, sendo pobre, chegará de mãos abanando em qualquer lugar, seja na casa do amigo, seja fazendo uma visita, seja depois de morrer, vá-se para onde se for; 15) estranho, porque, que história é essa de que quem dá aos pobre empresta para quem o dinheiro não deve fazer a menor diferença?

Viu como nossos pesquisadores sabem tirar leite de pedra (leia-se pobreza)? Aqui, não tem probreza nem de inteligência, nem de imaginação.