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O design, o desígnio

E lá vêm esses Canis&Circensis, com aquele tipo de Aforismo metido a bonitinho. Sabe, leitor, pode acreditar: tem gente que reclama assim mesmo, pode?!

Singelamente, nossos pesquisadores estavam tentando entender melhor essa relação entre fundo e forma, mais exatamente, porque o que aparece era o melhor para ter aparecido no caso em questão. Assim: se a girafa é pescoçuda (o design), então a vida (o desígnio) da girafa vai girar em torno de característica tão saliente e distintiva. Desse ponto de vista, não seria assim alguma coisa prá-lá-de-transcendente, mas justo aquilo que só poderia ter sido assim, considerando a, ou as características dadas.

Em outras palavras, o design não seria assim uma mera exposição artística, ou estética, desconectada de uma função que faz com que o design seja o que é. Invertendo a questão: o design não poderia ter sido diferente e considerá-lo apenas como uma manifestação “bonitinha” (ou feinha, leitor, porque tem muita coisa esquisita que só de feia na natureza, não pense você que tudo são rosas) seria de uma miopia digno de uma toupeira.

Para tornar o estudo mais interessante, nossos pesquisadores estenderam a discussão para o reino do animal mais animal que existe, o homem. Animal-animal não no sentido de relacionar-se adequadamente com a natureza, mas justo o contrário, afrontando-a. Assim: vamos imaginar que a nossa girafa do exemplo acima, inconformada com o tamanho de seu pescoço, quisesse-o menor, ou mais cheinho – o que ela poderia fazer? Talvez a alternativa seja entrar em contato com uma mulher que, inconformada com os centímetros de sua cintura, e tendo obtido poucos avanços ao tentar reduzi-la fazendo ginástica e maneirando no chocolate, no sorvete, nas tortas e pizzas e hambúrgueres e balas e biscoitos e caramelos e trufas – nem mesmo o uso de cintas modeladores e espartilhos a deixou contente – então, restou o quê? Retirar umas costelas!

Nossos pesquisadores não souberam dizer ainda o que a cintura-de-pilão poderia recomendar para a pescoçuda da girafa, que poderia retrucar: e o que dizer das mulheres tailandesas que esticam o pescoço – se é para honrar sua ancestralida com os dragões, ou se é para protegerem-se do ataque dos tigres, o fato é que nós somos pescoçudas porque somos pescoçudas, eita, invejosas!

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