Não é conversa de doido: são os nossos pesquisadores tentando entender se a classificação clássica do nosso aparelhamento psíquico reflete de fato nossa realidade interior, ou se já teria mais que passado o tempo de uma severa revisão classificatória.
Todos (isso inclui você, leitor) sabem que o responsável pela classificação do Superego é o famoso Dr. Freud, aquele que diziam ser capaz de explicar tudo o que é maluquice. Mas, a linha de trabalho adotada por nossos pesquisadores pesquisa se não teria havido uma espécie de supervalorização do eu, a ponto de dar a ele a adjetivação de super. O que tem de “super” uma coisinha assim miudinha como o ego humano? Nossos pesquisadores especulam que na verdade o glorioso Dr. Freud evitou prudentemente a questão: assim, preferiu mandar toda a tralha do psiquismo humano para a casa da mãe joana, que ele, culto que só, chamou de inconsciente. Todos se beneficiaram dessa classificação: ele, Dr. Freud, que já estava apanhando um bocado em função de suas teorias revolucionárias e que apanharia muito mais caso dissesse com todas as letras que nós somos os responsáveis por nossa maluquice, mas sobretudo o público de malucos (nós), que teríamos, caso tivéssemos um Subego, que nos responsabilizar pelos nossos desatinos. Com o insconsciente, ficou fácil mandar as contas de nossa maluquice para o Abreu; ficou fácil justificar mortes, assassinatos, raiva, corrupção, perjúrio, crimes, servidões, escravidão, fome, injustiça por conta de nossas pulsações incontroláveis, da nossa herança animal, de nossa rendição incondicional às demandas implacáveis do sangue.
Com o Subego, essa moleza iria acabar. Dando às coisas o nome que estão mais próximos da maneira como as coisas devem ser nomeadas, inconsciente seria então Subego, egozinho, eguinho seria ainda melhor. O diminutivo ajudaria a caracterizar a atividade absolutamente menor deste que se julga o rei da cocada preta, a última bolacha do pacote, aquele que está por cima da carne seca.
Para testar essa hipótese, nossos pesquisadores submeteram-na a psicólogos de diversas linhas, dos clássicos aos alternativos, e a artistas de diversos calibres, de cantores de churrascaria a poetas metafísicos. Os resultados ainda estão sendo tabulados, mas uma resposta chamou a atenção: “então, a lebre vai ter de voltar a ser gato?”.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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