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A diferença entre a filosofia e a sabedoria
é a mesma que existe entre o frio e o calor

Você, leitor desses aforismos, bem informado que é (tanto é que é nosso leitor) sabe que do ponto de vista acadêmico há uma longa e desgastante discussão acerca das características da melhor, da mais profunda, da verdadeiramente genuína forma de pensar. Para uns, a filosofia seria essa maneira; para outros, seria a sabedoria. Os adeptos da primeira maneira de pensar pensam que na verdade a sabedoria deveria agradecer-lhe justamente por ter pegado uma massaroca de informações, genericamente chamada de sabedoria, e dar um ordenamento ao que antes não passava de um costura mal alinhavada de mitos, ritos, histórias que a noite dos tempos consagrou. Ora, mas a filosofia veio justamente para jogar luz a esse mistério todo (dizem os auto denominados apóstolos da luz, os filósofos)!

Já a reação dos adeptos da sabedoria é mais branda: como sábios, eles têm sabidamente uma atitude de sábia tranquilidade – para eles, sabedoria não rima com arrogância e destempero, muito menos com erudição, características sobejas nos filósofos. Do que mais gostam os sábios é de manter a boca fechada, atitude praticamente impossível para um filósofo. Sábios, se não gargalham desabridamente, ao menos sorriem – e rir é o que o filósofo faz muito raramente.

No item polêmica, a distância entre eles é intransponível. Para o sábio, nada mais distante da verdade do que uma polêmica – quem tem a verdade não precisa polemizar; para o filósofo, é totalmente discutível a existência da verdade, daí a necessidade de se discutir pelos séculos dos séculos para saber (!) se tal verdade existe. Para o sábio, em termos de verdade, o máximo que dá para dizer é que cada um possui a sua, quer dizer, cada um entende do divino o que for capaz. Ao ouvir isso, o filósofo fica prestes a ter um ataque apoplético.

O sábio é autossuficiente, contenta-se com sua sabedoria. O filósofo não se contenta com nada, por isso questiona tudo.

O sábio pode ser visto sob o Sol, aquecendo-se sob os auspícios do seu inspirador. Quem sabe por isso suas palavras sejam aquecedoras. Encontrar um filósofo fazendo fotossíntese é raro: mais fácil encontrá-lo próximo a ambientes que não exigem luz. Quem sabe por isso suas palavras tenham a temperatura correspondente.

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