Responda rápido, caro leitor: você prefere receber um elogio ou uma crítica? Um tapa ou um beijo? Um mousse de chocolate ou um jiló? Um aumento de salário ou um comunicado de demissão? A notícia de que você ganhou na loteria ou a de que o oficial de justiça está cobrando o atraso no pagamento da pensão? Como você sabe, no mundo tem maluco pra tudo, portanto, certamente tem gente que prefere uma crítica a um elogio; um tapa a um beijo; jiló do que mousse; demissão do que aumento de salário; prefere atender o oficial de justiça do que ganhar uma grana preta. Mas, gente como a gente, nós não estamos nesse grupo, certo? Portanto, o bom é melhor do que o ruim; o agradável é preferível ao desagradável.
Mas, para complicar (coisa que nossos pesquisadores adoram fazer), a pergunta da pesquisa ficou assim: faria diferença para você, se ao te falarem algo ruim, essa coisa ruim viesse embalada e emoldurada de um belo elogio? A coisa ruim mudaria para uma coisa boa? Assim: seu colega de serviço (que de colega não tem nada, o traíra) diz diante do chefe, em alto e bom som o suficiente para ser ouvido pelas areias do deserto, que é um privilégio trabalhar com você, que eventuais desencontros e discordâncias fazem parte da vida de quem trabalha (o que ele não faz), e que isso deve ser entendido como os ajustes que toda equipe precisa fazer diariamente, e que se não fosse assim seria estranho, porque o sucesso e a excelência pelos quais todos (menos ele) estão trabalhando não se consegue por acaso; e que as palavras dele devem ser entendidas corretamente: que elas são o reflexo sincero do que passa no coração de quem está sempre à disposição do chefe e principalmente dos colegas, que podem contar com ele (nunca, na opinião de todos, menos na dele) pro que der e vier e que todos, particularmente você, merecem uma consideração especial, e que se nos últimos tempos ele não pode acompanhar os colegas na reposição de horário nos fins de semana, isso será corrigido oportunamente nos dias 30 e 31 de fevereiro – questão de tempo -, e que como ele não pode perder tempo e estava um pouquinho atrasado aquele dia (como em todos os dias), ele pegou o último lugar vago no elevador, e que bem que aquela senhora (que ele chama entredentes de velhota) poderia perfeitamente esperar pelo próximo elevador …
Não é um doce, o traíra?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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