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Em uma palavra: açucara, tira a capacidade de agir prontamente, deixar tudo meio molenga, com a consistência de uma gelatina, de um prego na areia, de manteiga derretida, tira a vontade da coisa de agir, limita a coisa ao que ela – a palavra que o homem deu a ela – diz que ela severia ser.
Pobre beija-flor, tratado à água açucarada: muita energia de saída, e pouco energia de continuidade, viciado que fica na água açucarada que acelera o coração, e que faz ainda pior que certa droga igualmente branca. Aliás, fazendo uma comparação entre as duas brancuras, em termos econômicos, o açúcar é dez mil mais lucrativo: primeiro, é muito mais consumido, porque é barato e foi desenvolvedo-se para ser mais barato. Sem falar nas variações ainda mais prejudiciais do que o açúcar branco, branquinho, vendidas como sendo supostamente mais saudáveis – me engana, que eu gosto! Aliás, falando em gostar, por acaso passou pela cabeça de alguém oferecer alguma coisa mais saudável para o beija-flor?
A coisa toda foi tão longe que o homem gosta da imagem do beija-flor batendo as asas feito louco, parece parado e congelado no ar – tudo bem, pode ser bonitinho, mas que canseira, não acha? Por que não pensar em água com vitaminas e sais minerais, bem entendido, naturais, nada de suplementos que fazem encher o bolso de vendedores de jaleco branco e estetoscópio no pescoço, cheios de diplomas na parede.
Nossos pesquisadores estão agora trabalhando em outra linha de análise: vamos supor que as coisas se rebelassem contra a palavra que as nomeia e as limita; vamos supor que elas-as-coisas um belo dia simplemente se recusassem a aceitar ordens de quem faz o que quer com elas, usando o instrumento de controle ideal, e o mais barato à disposição?
Nós também não sabemos no que essa experiência iria produzir, mas pode ficar tranquilo: tão logo a gente descubra, vocês ficará sabendo em primeira mão.
Leitor, você tem a nossa palavra.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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