Anterior
Próximo

A pobreza faz miséria com as pessoas. A riqueza faz pior

Quem, se pudesse optar, escolheria a pobreza, não a riqueza? Claro: aqui estamos considerando pessoas com cabeça, tronco e membros no lugar (poucos e raros) e carteira (habitualmente) vazia (a maioria). Quem, em sã consciência, escolheria passar as férias de verão na Praia Grande de São Paulo (com todo o respeito) se pudesse ir para as ensolaradas praias da Califórnia ou da Flórida? Ou para as praias do sul da França? Quem, com o siso no lugar, deixa de lado um renomado vinho francês e toma no lugar o vinho pisoteado pelos pés fedidos do tio metido a vinicultor? Ou ainda, não vai nas férias de inverno para um spa na Suíça e prefere se meter em uma aventura em alguma vila alternativa de naturebas perdidos no tempo, na qual, para tomar banho quente, tem que esquentar uma bacia de água?

Claro que nossos pesquisadores, com a sensibilidade que todo Canis&Circensis deve ter, sabem muito bem a dureza que é a vida de gente dura, sem dinheiro, cheia de dívidas; filhos e mais filhos, tudo com nariz escorrendo, um vestindo a roupa do outro, um calçando as botas do outro, dois passando juntos e ao mesmo tempo na catraca da metrô, pagando uma passagem só; maneirando no apetite para ter comida no prato de todos; comida que já é a terceira vez que volta pra mesa: o que já foi arroz e arroz na canja de galinha, agora é bolinho com um resto de sardinha dentro; sem falar que toda a família (nome que estamos dando àquela maçaroca de gente) dorme em um cômodo comum, no qual de comum tem a desesperança de todos e o cobertor repartido sob o qual acontece de tudo, mais a tosse interminável dos mais velhos.

Do outro lado do espectro, temos o ninho de cobras da riqueza, ouropéis e cocaína, champanhe e traições pelas costas, pela frente, por tudo que é lado.

Qual o charme, o apelo da pobreza? Essa serve para alguma coisa, salvo rechear discurso que mantém na pobreza pobres, e na miséria os miseráveis? Não é mais o caso, se o caso for tiranizar a vida de todo mundo (a grande especialidade do homem), que essa tirania seja recheada de dólares e euros, ouro e prata?

Afinal, de pobreza basta a própria!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress