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A totalidade – qualquer totalidade –
está sempre a um passo de algum tipo de totalitarismo

Leitor amigo, não se trata aqui de defender teses ultramodernistas, ou ultramodernosas, sustentando que somos tudo e todos um bando de loucos, cada um para um lado, a começar dos coitados dos esquizofrênicos, que têm dentro de si uma boa meia dúzia de personalidades, cada uma querendo levar o sujeito para um lado, enquanto todos os outros fazem o mesmo esticando a corda do psiquismo do desinfeliz.

Tradicionalmente, sempre se afirmou que tudo na vida seria divisão, divisionismos, separação, separações, contrapartidas. Mas – e você haverá de nos dar razão – tudo isso a um preço de deixar o sujeito ainda mais maluco do que já é, mais esgarçado que tecido velho e roto.

Ok, dirá você. E o antídoto contra isso? Bem, na conta matemática simples, o contrário da divisão é a união. Mas união tem, para muito, um problema, na verdade, um problemão: união é uma condição que se conquista, e aí surge o velho questionamento: como será capaz de unir-se aquele que não passa de um dividido, de um partido ao meio (ou partido em muitas partes)? O problema que ele tem que resolver, ele próprio, o principal interessado, não será capaz de resolver, e mesmo que queira. Em outras palavras, de nada (ou pouco) adiantaria se ele tentasse remandar o irremendável, porque um problema não poderia ser resolvido pelas mesmas causas que o causaram.

Não queremos atemorizar ninguém, mas a essa altura da análise, quase estamos vendo gente com o revólver apontado para a própria cabeça, ou pronto para mergulhar de cabeça no espaço infinito à frente da sacada do apartamento. Tudo perdido? Segundo alguns muitos, não. A solução é a totalidade. Mas, como chegar ou alcançar a totalidade? Como chegar à totalidade sem ficar remendando caquinhos de personalidade com cola e fita adesiva?

A experiência mostra e demonstra que se isso é possível, não se sabe ao certo. O que é certo é que muuuiiita gente ganha dinheiro vendendo essa possibilidade e, o que é pior, a venda é feita sob uma condição: nada de achar que tem uma totalidade melhor do que a que foi vendida; nada de querer abrir o que deve continuar mais fechado e protegido que verdade que desconhece a luz (do sol ou outra qualquer); nada que não seja apenas, única e tão somente a verdade – essa é a verdade!

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