Desde que a evolução colocou pelo menos dois neurônios em nossa cabeça, estamos perguntando: de onde viemos? Quem somos? Para onde estamos indo? De maneira simplificada, poderíamos resumir essas três perguntas em uma única palavra: destino.
Quando dizem que estamos nas mãos do destino, estaríamos nas mãos de quem, mais exatamente? O destino tem mãos tanto quanto nós, humanos, julgamos ter? De quem é essa mão, que faz de nós gato e sapato? O que acontece em nossas vidas é de nossa inteira responsabilidade ou podemos deixar nossas vidas tranquilamente nas mãos do destino, sem a menor necessidade de nos preocuparmos, certos de que acontecerá tudo de melhor? De que adianta trabalhar, se preocupar, planejar, organizar, racionalizar, administrar, equacionar, esquadrinhar, roubar, enfim, colocar a mão na massa se a mão que decidirá nossa vida não tem nossa digital? Se o humano é assim definido por causa das mãos (hu-mano), de que adiantam essas mãos se não for para dirigir o próprio destino? Afinal, por que o homem, nada mais do que uma poeira cósmica, nada mais que um pretensioso nada, pensa ser possível ter o controle do destino em suas próprias mãos?
Nossos pesquisadores raciocinaram da seguinte forma: se o homem está assim tão interessado em colocar ordem no samba é porque esse samba não tem ordem. Ou tem? Se existe uma ordem por trás do samba, que o homem perceba que essa ordem existe e que confie que mãos mais hábeis do que as suas saibam tocar o reco-reco, dedilhar o cavaquinho, bater no surdo e arrepiar no tambor.
Se o samba tem ordem por que fica ele, homem, tentando consertar o que não tem conserto, ou melhor, que não precisa de conserto? E se não precisa de conserto não é porque está errado, mas justamente porque está certo – certo? Não há nada de errado com o samba e se o homem não entende isso, que ouça com atenção o ronco da cuíca.
Nossos pesquisadores puderam constatar, no entanto, que apesar de gostar muito de samba (nem todos, pasmem!), o homem não entende como o samba, que é malemolência, ritmo e alegria, pode ser sinônimo de ordem. Se essa graça toda do samba acontece sem planejamento, para que planejar? Se acontece sem planejar, o que é o samba, um milagre?!
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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