Anterior
Próximo

Anunciação ou enunciação?

Desculpe-nos, prezado leitor, a repetição, mas repetiremos: nosso trabalho é ou pretende ser tão científico quanto permitem nossos neurônios. Lutamos (intelectualmente) para que nossas pesquisas e análises não sejam muito enviesadas por valores que desrespeitem principalmente a sua inteligência. Não queremos ofender ninguém, particularmente aqueles que mais se ofendem, fundamentalistas de qualquer campo da experiência humana: ciência, filosofia, religião, arte, esportes, nutrição.

Tendo isso em mente, decidimos enfrentar um tema muito caro à vida de muitos, todos aqueles que acreditam que certas informações foram tão, mas tão privilegiadas, que não foram simplesmente comunicadas, mas verdadeiramente anunciadas, com tudo o que isso significa. Tão privilegiadas que continuam sendo louvadas e comemoradas mesmo muito, muito tempo depois de terem acontecido.

Nossos pesquisadores especularam que se as coisas aconteceram assim, de fato fica muito mais fácil justificar qualquer posição de mando e imposição. E qualquer um que ouse contestar tem destino certo: a excomunhão.

E a vida seguiu (se para frente, no sentido de ter ido do pior para o melhor; ou se para trás, como gostam de apontar aqueles que apontam o dedo para quem não comunga de seus valores, não importa agora). Os estudos e pesquisas foram-se desenvolvendo e, no caso, os estudos de linguística decidiram melar de vez a situação, trazendo um conceito novo para a conversa: enunciação.

Onde, a confusão? Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. Nos termos da análise desse Aforismo: Anunciação é uma coisa; outra é Enunciação. A primeira pretendendo-se muito alta; a segunda, contentando-se em ser muito mais humilde, sabendo-se produto de interações humanas, com todo o espectro aí presente: interesses, de grupos e pessoas, paixões, busca por poder, brigas, conflitos.

Em suma: se o que foi dito ser Anunciação não passasse de uma Enunciação, como qualquer outra, as coisas poderiam ter sido bem diferentes. Os estudos têm dessas coisas: dar um (não raro) severo corretivo a crenças e pretensões de toda ordem.

Por isso, nossos pesquisadores, democratas que são, decidiram dar mais uma oportunidade para os partidários de cada uma das totalidades, com uma condição: qualquer que seja o veredito, deverá ser em forma de Enunciação, não de Anunciação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress