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Aplausos ou críticas,
o barulho do mundo exterior não passa disso, barulho

Quanto do mundo exterior nos influencia? Se somos elogiados, ficamos contentes, mas se somos criticados ficamos deprimidos. Em uma ou noutra situação, quem somos nós: uns maria-moles, uns maricas, uns fracotes, incapazes de resistir a críticas? Mas ficamos como manteiga derretida na frigideira a um simples (e provavelmente falso) elogio?

Onde está aquela rocha interna, inabalável, que despreza solenemente o barulho ensurdecedor do mundo? O vozerio irresponsável da gente humana e falha? O farfalhar boboca das folhas? As marolinhas inconsequentes? O vai-e-vem de fatos desconexos que ocorrem ao sabor da perfídia egoica de bípedes pouco instruídos? Os surtos pueris que irrompem quando o fígado fala mais alto que a razão? Os arroubos de um coração descompassado de desejo em desejo? A glutoneria insaciável de apetites baixos? A sensualidade desmedida e desnorteadora – enfim, um mundo pródigo de ofertas sedutoras e desviantes do bom, reto e correto caminho, sempre à mão com um convite baixo e sedutor?

Com essas questões em mente, nossos pesquisadores queriam saber, afinal, o que era o mundo para se meter a besta com o homem, besta autoidolatrada como rei e (dependendo do caso) rainha da criação? O pináculo além do cume, o homem? Quem ou o que seriam aplausos e críticas para tirar o homem de sua eterna condição de impassível contemplador das verdades eternas? Quem ou o que seria isso, o mundo exterior, metendo-se à besta com o mundo interior, delicado, sensível, angelical? Quem ou o que seria isso, o mundo exterior, sempre disposto a tirar dos olhos aquela tranquilidade de quem se sabe superior a todo o bulício desavergonhado e inconsequente que faz da serenidade de um lago um sem-fim de ondinhas?

Para tentar elucidar essa questão, nossos pesquisadores reuniram em uma mesma sala gente de origens diversas e, ao final, constaram sem nenhuma surpresa as mãos de seda e pele delicada que tinham os enevoados partidários da ideia de que o mundo e seus desarranjos não passa disso mesmo: desarranjos infames.

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