Aqui na Canis&Circensis todos nós acreditamos muito no papel fundamental da leitura, do aprendizado, do aumento da capacidade cognitiva – ao menos até onde permitirem aquela meia dúzia de neurônios que estão mais perdidos que cachorro (ops!) em dia de mudança, no caso, na cada da mãe Joana que é o cérebro do seu amigo-traíra e da dona Cotinha, aquela víbora fofoqueira.

Pode nos acusar do que quiser, leitor, mas nós acreditamos sim – pelo menos até quando e enquanto nos pagarem para produzir todo o material que você lê, mesmo muitas vezes sem a devida e achamos merecida contrapartida financeira com a qual bem que você podia nos brindar. Procure nosso Departamento Comercial é mostre na prática que você concorda conosco, e tanto, que está abrindo seu coração e sua carteira.

Ou você não concorda que ler é uma atividade nobre e necessária? Agora, devagar com o andor que a leitura é de barro. Ela pode poder muito, mas quanto? Até ela poderia e levar junto a inteligência do leitor? O que dela poderíamos esperar? O que dela poderíamos exigir? Estaríamos colocando sobre seu ombro um peso que eles, frágeis, não conseguiriam suportar? Faltaria fôlego aeróbico? Musculatura para ficar em pé? Pés para sair correndo mundo afora? Até onde ela conseguiria chegar?

Se a leitura fosse uma ferramenta serviria para quê? Martelo serve para martelar. Serra serve para cortar. Chave de fenda para apertar parafuso. Garfo, para comer. Canudo, para chupar.

Leitura serve para acabar com a ignorância, ou mesmo um leitor pode ser um ignorante? Durante muito tempo, quem não lia não sabia nada e de nada: nem do que estaria sendo acusado, muito menos defender-se. Hoje, lê-se muito (principalmente o que não serve para nada), mas de que isso adiantaria? Ou a ignorância é uma espécie de vocação humana, que, não importa o que se faça para tentar superá-la e lá está ela de volta, fortalecendo-se mais e mais, a partir daquilo que serviria para acabar com ela, caso da leitura – atenção, isso não inclui a leitura dos Aforismos do Canis&Circensis, antídoto criado por nós para fazer frente às sempre presentes tentativas de deixar a ignorância linda, leve e solta por aí.