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As aparências só enganam aos estetas

Aparência de um lado, essência de outro. Ou melhor, aparência na frente, essência atrás. Melhor ainda: aparência diante dos holofotes e essência impedida de aparecer diante de tanto brilho.

Dito isso, nossos pesquisadores estavam interessados em saber como as pessoas entendem essa relação entre o que aparece e, se aparece, é só por querer aparecer, vaidosa, e o que está atrás, tentando sustentar um castelo de areia.

E você, nosso instruído e bem-informado leitor sabe, essa queda-de-braço vem atravessando séculos, ou mesmo milênios de discussões infindas entre filósofos, religiosos, pensadores (com e sem cérebro), papiteiros (sem cérebro, na quase totalidade) de boteco e barbearia, tiozinhos do pavê (que, diabéticos, não podem comer), a turma do amendoim que vai ao estádio só para zoar o técnico do time de futebol (a turma da bengala). Não queremos banalizar a discussão, mas, quando se trata dos atrás mencionados, a conversa costuma variar entre o tédio completo (no caso da participação de filósofos e religiosos e parte dos pensadores) e o mais toró de ‘parpite’, como se diz no interior. Todos, entre outros, têm as mais diversas opiniões, que podem ser resumidas a uma única e singela: na frente um fantasma que só sobrevive por conta da retaguarda da essência, a eterna traída. Então, em uma fórmula: à frente (e na frente), a traída; atrás, a traída.

Mas, nossos pesquisadores ficaram com a pulga atrás da orelha: se todo mundo sabe do que todo mundo, e que todo mundo sabe que todo mundo sabe, qual a novidade? Qual a surpresa? Quem, na linha do enganei-um-bobo-na-casca-do-ovo, ainda cai nesse papo que o máximo que deveria fazer seria esquentar o chá das cinco da liga das senhoras plenas de pudores. Se o que está à frente está mesmo traindo ou, na melhor das hipóteses, não sendo assim muito fiel com o que está atrás aguentando o tranco, teriam todos que dar um belo de um esculacho nessa tal de aparência; ou dar uma coça daquelas inesquecíveis; ou passar uma descompostura de deixar vermelha uma pedra de mármore. Mas, ao sairmos a campo à cata de quem poderia participar da Liga dos Desmascaradores de Aparência, qual não foi nossa surpresa (zero) ao constatarmos que ninguém se mostrou disposto a mostrar quem era e como era. Todos então não passemos de uns estetas, concorda?

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