Um dos temas mais solicitados por nossos leitores diz respeito a essa dobradinha vida-e-morte. Nos sentimos orgulhosos e envaidecidos, porque sabemos que vocês gostam que abordemos temas difíceis e exigentes de uma maneira pouco usual. Então, vamos lá!
Nossos pesquisadores estão razoavelmente convencidos de que esse é um daqueles temas tipo “par ou ímpar?” – ou as pessoas estão de um lado, ou de outro; ou acreditam ou desacreditam. De nossa parte, achamos que esse tipo de perspectiva é muito reducionista, como se não existisse, entre os dois polos, infinitos meios-termos, ora pendendo mais para um dos polos, ora para o outro; sem contar que essa oscilação varia de acordo com o tempo, o momento, o contexto, a situação – são diversas condições a serem consideradas, o que inviabilizam posições inflexíveis.
Nosso ponto, indo direto ao ponto: a pessoa deixou de respirar – morreu o vivente? Sim, sem dúvida. Mas, questionamos: só se morre quando mais não se respira? Antes dessa morte final por asfixia, não há mortes outras? Mortes que deixam o vivente no limbo, meio morto, meio vivo, mas morto de vez ainda não. Então, nem morto, nem vivo – é o quê? Que coisa é isso?
Para tentar sair desse cipoal de pensamento, nossos pesquisadores trabalham com a seguinte hipótese: o que é necessário para continuar vivo? Não morrer? E se morrer não acabar com tudo, quer dizer, com a vida, seja lá o que isso for? E se, ao contrário, viver seria uma condição que, para continuar existindo, precisaria ser alimentada justamente com aquela outra condição que, dizem os destatentos, acabaria com ela? A morte, em uma palavra? Em outras palavras, não é porque se está morto que se deixou de viver! Soa estranho, leitor? Você acha que nossos pesquisadores ainda merecem crédito ou eles piraram de vez? Pudemos apurar que eles pensam assim: para seguir vivendo, com uma vida minimamente digna desse nome, não faz sentido carregar peso morto (desculpem o trocadilho), seja esse um pensamento, um sentimento, uma emoção, uma dúvida, uma angústia, um pensamento obsessivo – o que quer que esteja colocando na vida mais peso do que essa já tem de pesado. Se essa idéia estiver correta, deixando de lado o que está pesando, a vida fica mais leve, concorda, leitor?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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