Com o couro devidamente endurecido de tanto apanharmos, não estranhamos quando, desde a primeira redação desse Aforismo, começaram a xingar nossas mães como se xinga a mãe do juiz de futebol que marcou aquele pênalti que simplesmente não existiu.
Acompanhe só: quem é que, do alto de sua soberba e pretensão, concordaria com a ideia de que sua vidinha meia-boca fosse fruto de uma coincidência? Ainda mais: Coincidência improvável? Ainda mais-mais: coincidência improvável de eventos totalmente aleatórios?
Nunca!
Se há alguma coisa que uma vidinha meia-boca desejaria ser seria uma vidinha meia-boca! Antes ao contrário, seria uma vida glamourosa, gloriosa, cheia de charme, dinâmica, interessante. Se não, iria parecer uma vida tipo gol de futebol que decide o campeonato, com uma particularidade: não foi o autor do gol que chutou a bola, mas esta bateu nas costas dele, depois de ter batido nas pernas de mais uns dois ou três jogadores em um jogo parecendo jogo de várzea, bola-pra-lá-e-pra-cá. Nada de bola em sentido reto em direção ao gol, no ângulo, finalizando uma jogada pensada e ensaiada exaustivamente, plasticamente bela, parecendo pintura, incendiando a torcida, estremecendo o estádio.
Pior que isso, só mesmo pensando a vida como o resultado de uma corrida de espermas na qual um deles (qualquer um!) chega antes do que os outros e pronto: está criado um problema pela vida toda, problema que começa justamente pela criação da vida. Agora, fosse outro o vencedor e a vida não seria uma derrota?
Isso está parecendo lobby de roteiristas de cinema, né não?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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