Come-se para viver ou vive-se para comer? Como tudo na vida, depende: depende de quem come, depende de quem come o quê (ao contrário do que gente maledicente pode pensar não vamos usar o “quem”, perguntando sobre ativos e passivos).
Antes de tudo, não podemos escapar do fato de que medida é uma questão crucial, independente do contexto: que o digam os homens interessados em saber em que medida parceiros e parceiras interessam-se pelas medidas que ele tem. Por que com a comida seria diferente? Assim: se se come um kilo de buchada de bode com marshmellow faz diferença se se come um kilo de paçoca de vodka? Ou um kilo de mousse de quiabo. Observe, leitor, que o kilo é o mesmo, mas o conteúdo do kilo, não. Mas, se o kilo é o mesmo, independente do conteúdo do prato, e se esse kilo é comido de garfo-e-faca ou vai direto da mão para o canino.
Porque se o interesse é entender comida enquanto quantidade parece que estamos submetidos a uma lógica de cumprimento de metas, bem ao gosto de certa (des)ordem hoje vigente no mundo desde sempre que o mundo é mundo. E, mais: de acordo com essa lógica, parece que mesmo quem não tem o que comer tem que comer como comem os que têm que comer – fácil, não é mesmo? E note que até aqui mal abordamos a questão da qualidade da comida – a conversa do Aforismo é sobre quantidade: gramas, ou quilos? Ou definir essa medida depende das gramas ou quilos neuronais de quem analisa a questão? Bem, a depender disso, a questão se complica enormemente. Se o analista da questão foi provido da adequada medida que alimentasse suficientemente neurônios e sinapses, é uma coisa. Se não, não será nada difícil concluir que a medida da competência para descobrir a medida da comida está comprometida.
Diante dessas dificuldades, nossos pesquisadores perguntaram-se: será que estamos exigindo esforço cognitivo além da medida?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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