Como você, nosso inteligente leitor, está cansadíssimo de saber, tem uns assuntos que olha … Não vamos dizer assim todos-todos-todo-mundo, mas a quase totalidade de 100%-de-gente-metida-a-inteligente. Faça um teste: pergunte a alguém com pelos menos dois neurônios – condição necessária para fazer uma sinapse – se este acha que quando se fala de comunismo está se falando por tabela de falta de liberdade, e, ao contrário, quando se fala de democracia é justo o imposto: democracia é a presença da liberdade, é a própria liberdade. Bingo!

Tudo bem que as coisas não deveriam ser nada fáceis para quem amargou algum período lá na Sibéria, supondo que tenha saído vivo de lá. Diante de uma situação como essa, qualquer outra situação seria melhor, concorda? Aí, o que nós, os vigilantes Canis&Circensis, fizemos? Fomos a campo para saber a opinião das pessoas. Logo de início, enfrentamos uma dificuldade: encontrar pessoas neuronizadas, ou seja, gente com neurônio. Como não conseguíamos identificá-las, decidimos trabalhar com o plantel disponível. Não conseguimos tirar nossa primeira entrevistada da frente da tela do celular, entretida que estava com um tutorial sobre como manter cílios vermelhos bem cuidados. Depois de diversas tentativas, todas infrutíferas, tentamos melhor sorte com um homem de meia idade, que parecia muito preocupado com os desmandos da política nacional, que, segundo o grupo de um aplicativo dedicado a acompanhar o tema, que ele acompanhava fielmente, só poderia ter alguma chance de sucesso se homens como ele ficassem à frente da bagunça. Também não conseguimos nada. Nossa última tentativa foi com um jovem empreendedor, que acompanhava avidamente todas as informações relativa a carreiras de pessoas bem sucedidas. Nossa tentativa de trazê-lo à realidade foi prontamente rechaçada: ele disse que não tinha tempo a perder com qualquer coisa (leia-se: nós!) que o tirasse do reto caminho rumo à glória, ao sucesso, à fortuna.

De tal sorte que a pesquisa foi suspensa por falta de público-alvo pensante. Mas, o que chamou nossa atenção foram os olhos de todos os que tentamos entrevistas: esgugalhados de fascinação.