Quanto tempo demora para que alguma coisa aconteça? Depende da coisa, você dirá. Por exemplo: é razoável esperar mais de nove meses, aproximadamente, para uma criança nascer? Mas, pode ser menos, concorda? E para um pão assar no forno? Depende da massa, da farinha, do tempo, da intensidade do fogo. E para um estudante terminar a faculdade? Depende da faculdade, do curso, da dedicação, do acesso à informação.

Logo de saída, nossos pesquisadores perceberam que esse Aforismo daria muito pano pra manga. Você, nosso atento leitor, poderia perguntar: quanto tempo vocês demoram para estudar um Aforismo? Nossa resposta seria, como as anteriores: depende. E para escrever esses Aforismo? Resposta idem: depende.

Uma vez que complicar é um trabalho no qual os Canis et Circensis são especialistas, o passo seguinte foi perguntar: quem espera sempre alcança, ou tem uma hora que a espera é tanta que não vale a pena esperar mais? Na mesma linha de complicação, perguntamos: esperar adianta? Adianta quanto? Adianta de alguma coisa? Ou esperar atrasa?

Ainda na mesma linha de complicação: esperar é um sinal de paciência ou de impotência? O que há para esperar se o que não falta é coisa para fazer? Fazer o quê, se não há nada para fazer, senão esperar? Esperar é aceitar que as coisas aconteçam no tempo certo, ou as coisas precisariam uma mãozinha para acontecer? Lembra lá do primeiro parágrafo? Uma mãozinha para fazer nascer o feto que não quer sair do útero? Uma mãozinha mais forte para sovar a massa do pão? Um puxão de orelha no aluno da faculdade?

Ainda na mesma linha de complicação: a felicidade é motivo de espera ou de procura ativa? A esperança interessa a quem? Esperar interessa a quem? A quem quer que aconteça ou quem não quer que a coisa aconteça? Esperar pelo sol de um novo dia é o mesmo que esperar que o chefe reconheça seu valor e lhe dê aumento? Esperar a chuva passar para sair à rua é o mesmo que ter a esperança que dias melhores virão, com chuva aqui e ali, mas dias melhores? Esperar é diferente de fazer acontecer? Ou para que a coisa aconteça é preciso uma paciência digna de Jó? Paciência de ourives chinês?

O que você acha, leitor: a esperança tem a cara e o jeito de um monge meditando? De uma tartaruga? De um bicho preguiça? De uma lesma?

Ou a esperança tem braços e pernas e peito cheio de ar?