Depois do um, a conta não tem fim

Quando souberam que nossos pesquisadores estavam debruçados sobre esse tema, pronto, já começou o chororô, as críticas e a acidez habituais que sempre acontecem quando enfrentamos o que ninguém quer, ou ao menos, que ninguém quer dessa forma como haitualmente fazemos.

No caso em questão, a crítica veio principalmente daquela gente que se autointitula, ou que se autoconsidera como decifradores de signos, símbolos e sinais apenas de acesso a gente conectada com níveis sutis e ao mesmo tempo profundos de realidades que não se mostram ao comum dos mortais porque eles não passam disso que são, comuns e mortais.

Assim: se o universo, o mundo, a vida, a existência, a cosmologia, a cosmogonia, deus e seus deuses – tudo isso para existir só existiria de uma única e mesma forma e nessa forma permaneceria, mas, sobretudo nessa medida única, porque, se essa medida fosse ultrapassada, haveria espaço para qualquer coisa, algo assim como a porteira do caipira que, incapaz de bloquear um único boi, foi incapaz de bloquear a boiada toda: passou um, passaram todos.

Assim, só resta parar a conta, qualquer conta, tão logo ela comece.

A ira sobre nossos pesquisadores é porque eles consideram que esse procedimento, ou antes, essa forma de ver e considerar as coisas, que vai redundar no procedimento que lhe é contíguo, faz com que qualquer coisa que não seja a coisa que tem que acontecer como reza a sacrossanta conta de quem não sabe fazer outra e outras contas, é suspeito (no mínimo) de incapacidade aeróbica e muscular para fazer outra conta e outras contas. Sair do lugar não é para quem não se capacita para tanto.

Resumindo: faça de conta que eles estejam certos, não discuta com quem não sabe discutir senão da forma como acha que as coisas são, e devem e deveriam ser, e siga sua vida sem se incomodar, que de chato o mundo está cheio.

Em outras palavras: seja um como nós, e um conosco, um Canis&Circensis.

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