Se nada cai do céu, por que quando conquistamos alguma coisa dizemos graças a Deus? Nossos pesquisadores queriam entender a relação existente entre os resultados que o homem obtém como resultado dos seus esforços e, por outro lado, por que essa conquista é atribuída a Deus. Na mesma linha de raciocínio, eles estão tentando entender por que o insucesso de uma empreitada humana não é creditada a Deus, como acontece com o sucesso.

Em uma primeira abordagem, nossos pesquisadores especularam sobre a relação do homem com o trabalho. Afinal, pensaram eles, o trabalho é necessário? E, se for, para quê? E para quem? O homem não se daria melhor se fosse um lírio do campo, como ensina uma conhecida parábola? Nesse caso, ele não precisaria semear e nem por isso deixaria de colher. Onde o suor do rosto, signo que indicaria que o homem trabalhou e, assim, teria direito ao resultado do seu trabalho, precisaria entrar nessa história? E se, mesmo depois de litros de suor, ainda assim o homem não tivesse direito ao resultado de tanto esforço e trabalho? De quem seria esse direito?

Nossos pesquisadores também estão trabalhando em outra linha de pesquisa, paralela à anterior. Nessa linha, o resultado não seria fruto de trabalho, mas de merecimento. Assim, trabalhando ou não trabalhando, não importa, o resultado seria o mesmo: se houvesse merecimento, haveria o usufruto do resultado; se não houvesse merecimento, nada de usufruir do resultado do trabalho. Então, a questão seria descobrir se o merecimento existe, caso contrário, de que adiantaria tanto trabalho para continuar de mãos abanando?

Ainda nessa linha de raciocínio, nossos pesquisadores especularam se quem não trabalha mas ganha em cima do trabalho de quem trabalha estaria ganhando justamente por merecimento. Assim, não se trataria de roubo, de usurpação, de injustiça, de ladroagem, de ganância, nada disso – o merecimento explicaria por que quem merece não precisa trabalhar. Mais até do que isso: quem merece ainda possibilita a quem não merece que trabalhe. Assim, trabalhando de sol a sol, retendo para si apenas e tão somente o necessário para estar de pé no dia seguinte e trabalhar mais um dia de sol a sol por todos os dias da sua vida, teria essa gente o merecimento que merece.