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Deus vai jogando seus dados.
As páginas do livro da vida vão sendo viradas – eis tudo

Nossos pesquisadores estavam interessados em entender o que se pode esperar da vida, a começar do fato de tentar entendê-la. Tudo mundo já passou por isso, em algum momento da vida – claro, há os pinéus que passam a vida inteira querendo saber se Deus não tinha nada mais interessante para fazer do que criar um mundo, ou pelo menos de criar esse mundico onde eles nos meteu, ao lado de colegas de serviço ineptos e francamente burros; ao lado de gente que torce para time errado; ao lado de mulheres que dão bola pro nosso amigo e não para nós; ao lado (no caso abaixo, bem abaixo) de gerentes, encarregados e patrões que não reconhecem nosso esforço e dedicação e concedem aumento de salário para nossos colegas de serviço e aumento de trabalho para nós; ao lado de gente que goste de gente de quem não gostemos – enfim, a lista dos erros é enorme.

E isso tudo acontece sempre, de manhã, de tarde, de noite e de madrugada.

Acontece feito moda: primavera-verão e outono-inverno.

Em todas as latitudes e longitudes do globo terrestre.

As coisas vão vindo e indo embora sempre nessa mesma toada. De segunda a sexta, incluindo sábados, domingos e feriados.

O mesmo programa de televisão, o mesmo programa de auditório. Tudo bem que de vez em quando, sabe como é, para dar um banho de loja em quem não toma nem banho, inventam uns programas em que colocam durante meses uma gente completamente nada-a-ver, tipo como colocar ratinhos dentro de uma gaiola para ver no que dá.

Essa gente feito ratinho então fica junto mas na verdade bem distante um do outro, odiando um ao outro, mas tudo dando uma cara assim tipo, sabe, de vida normal, de gente como a gente.

Nossos pesquisadores estão elaborando a seguinte hipótese de trabalho: e se essa gente feito ratinho estiver fazendo tudo isso de cabeça pensada, na maldade dissimulada mesmo, tipo gente duas caras de ratinho, falando pela frente uma coisa e fazendo outra por trás? E com uma intenção nada, nada louvável: que com a vida insuportável que levam esses ratinhos tipo gente estão jogando na cara de todos nós que ratinhos feito gente somos nós, que vida deles de ratinho feito gente é feita a nossa vida de ratinho feito gente – e não adianta mudar de cenário, que cenário não muda nada. Eles lá dentro e nós aqui fora, mas também dentro, todo mundo dentro do mesmo barco, quer dizer, cenário e assim vamos vivendo todos nós ratinhos feito gente onde quer que estejamos, e seja que tipo de gente sejamos.

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