Se você ainda não fez, faça o teste: observe como as pessoas açucaradas são … doces (com o perdão da redundância) e, em caso de algum desequilíbrio, alguma notícia ruim, alguma bronca do chefe, algum hora extra a ser cumprida, algum trabalho atrasado, nada que uma bela bomba (olha o nome!) de chocolate não resolva; nada que um pudim de leite condensado com chantilly não recoloque nos eixos; nada que um generoso pedaço de torta de morango não traga de volta a paz a neurônios; nada que um enorme taça de sorvete não faça o mundo voltar a ser cor-de-rosa.
Todos sabemos que o mundo vem sendo adocicado há um bocado (um bom bocado) de tempo. Mas e quando não havia esse açucaramento todo? O que fazer quando o chefe dava bronca (chefes sempre dão bronca), ou quando algum trabalho atrasava (trabalhos sempre atrasam), ou no caso de mais uma hora extra sem justificativa nem pagamento (sempre assim)? Provavelmente, a dose da punição deveria ser maior, mais severa e eficiente. Tudo bem que chefes adoram ser chefes, e agir como chefes, com a honrosa exceção de uma meia dúzia de uns três ou quatro. Agir com o rigor compatível com a condição de chefes, porque chefes têm chefes, e se o chefe-júnior não agir como o chefe-sênior acha que ele tem que agir, quem vai saber o que é um chefe nervoso é o chefe-júnior, que vai ouvir um monte!
O que nossos pesquisadores estão apurando é que, para manter a turma sob controle, nada que um bom e severo corretivo não resolva – além de resolver a pendência, faz um bem-que-só ao sadismo de quem manda. Mas, muitas vezes é antieconômico. E como com dinheiro não se brinca, era necessário que se desenvolvessem soluções mais baratas e igualmente eficientes (se não mais eficientes), que trouxessem resultados em larga escala, que pudessem ser aplicados em tudo que é canto do mundo, porque o mundo cada vez com mais gente, precisa ser, depois de vigiado, controlado de acordo com uma lógica de esteira industrial, linha de montagem mesmo.
Uma tarefa dessa dimensão precisaria de um dispositivo altamente eficaz e, melhor dos mundos, barato. Já inventaram alguma coisa mais mortal, docemente mortal, açucaradamente mortal do que o açúcar?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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