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Filosofia só ao ponto.
Mal passada é idealismo. Bem passada é materialismo

Como todos sabem, o homem tem-se em alta conta. Tanto assim que apelidou sua própria espécie de sapiens – homo sapiens. Como a pretensão humana se perde na noite dos tempos (onde o homem ainda se encontra, segundo alguns), nossos pesquisadores enfrentaram enorme dificuldade de ter acesso a fontes originais que comprovam que a pretensão humana data do marco zero da nossa existencia. 

Para tentar entender como entender tal pretensão, nossos pesquisadores começaram a levantar algumas hipóteses. A primeira delas foi tentar rastrear a história do pensamento humano – afinal, o homem não é sapiens?! Sapiens não é um adjetivo qualificativo de sabedoria?! Sabedoria não é coisa de gente que pensa? Depois de muito baterem cabeça, nossos pesquisadores descobriram que do pretensioso leque de disciplinas que o homem foi inventando ao longo de sua pretensiosa história, uma dessas se destacava por sua pretensão: a filosofia. A primeira dúvida que eles tiveram: o homem pode até querer ser amigo da sabedoria, como ensina a origem da palavra, mas por acaso alguém perguntou à filosofia se ela não teria ninguém melhor para ter como amigo? 

Como seja, nossos pesquisadores apuraram que, em termos de pretensão, a filosofia, que só encontra rival na matemática, cobre um leque de possibilidades de deixar qualquer sapiens dementens. Assim, nossos pesquisadores apuraram que tem filosofia para tudo que é gosto, gasto, interesse, capacidade e, claro, pretensão. Tem filosofia para explicar tudo e, principalmente, para complicar tudo. Cada período histórico, por sua vez, tem também todo tipo de filosofia, contra tudo, a favor de tudo, confirmando o que já suspeitavam nossos pesquisadores, que o filósofo não é amigo da sabedoria coisa nenhuma, mas da discórdia e da discordância. Mas, interessados que estavam em filosofar do porque de tanta filosofice, um fato chamou a atenção deles: mesmo que literalmente inumeráveis, havia duas filosofias básicas, a primeira delas parecia carne mal passada, sangrava, e por isso fazia as delícias de gente de alma delicada, que não coloca a mão na massa, nem na carne; a segunda, era tipo carne bem passada, além do ponto, esturricada, filé de sola, bem ao agrado de gente de braços mais longos para o trabalho, mas de paladar duvidoso, senão raso. 

Diante desse quadro, perguntaram nossos pesquisadores: qual o ponto certo para a pretensão do homem em pensar?

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