Excetuando uma meia dúzia de alguns milhares (ou milhões), podemos afirmar com segurança e prazer que uma das situações mais gostosas da vida se dá quando duas pessoas se beijam – aqui, nossos pesquisadores não fazem a menor objeção de quem-beija-quem e muitos menos se são apenas duas pessoas.
Mas, o dever científico nos obriga a verificar o maior número possível de ocorrências possíveis de determinada situação. No caso do beijo, constatamos infelizmente não só a veracidade do aforismo, mas a enorme quantidade de sua ocorrência. Nos referimos àquela situação que não está presente apenas nos filmes sobre reis e nobres, ou filmes sobre a máfia italiana, ou envolvendo autoridades eclesiásticas – em qualquer um desses, é sinal de reverência, subserviência e respeito à autoridade beijar a mão de quem está acima de você, hierarquicamente.
Tudo bem que, modernamente, esse costume seja mais difícil de observar do que no passado, mas, de modo geral, você, leitor, não acha constrangedor beijar a mão como sinal de obediência forçada, bem a mão, não por acaso o órgão que nos nomeou como somos ou deveríamos ser cada um responsável pelo próprio destino – hu-manus? É um pouco diferente quando esse tipo de beijo se dá em ambiente familiar, mas, mesmo nele, caso não aconteça quando deveria acontecer, as coisas podem ficar feias para o descumpridor da tradição.
Tenha em mente, por exemplo, que ninguém mais beija a mão do chefe, do superior, do diretor, do encarregado no ambiente de trabalho – talvez o órgão que nos nomeou enquanto espécie tenha sido destronado por beijos dados em outros órgãos, menos expostos publicamente, mas considerados mais – como diríamos? – excitáveis.
Além do mais, não se registra historicamente que a mão, ao ser beijada, cresça de tamanho e aumente de volume.
Bem, independente da elasticidade e protuberância que pode atingir o órgão que esteja sendo beijado, ao falarmos de mão falamos de poder, de dominação, de mando – o que, ao menos em tese, não é ou não deveria ser o que acontece quando dois lábios se beijam.
Se bem que, ao falarmos de humanos, estamos quase falando da dominação que um quer sobre o outro e, para isso, mesmo um beijo labial pode se prestar a esse papel.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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