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Leitor, concorda que a vida – seja lá o que ela seja – é a única coisa que temos, e com que podemos contar?
Por dever de honestidade intelectual com você, quando sustentamos inicialmente a idéia acima estamos considerando como vida toda aquela sucessão de boletos vencendo, de contas atrasadas, de chateações em casa e no serviço, de redes sociais matraqueando o tempo inteiro, de gente enviando selfie o tempo inteiro, de dinheiro mais curto que cobertor de pobre, de chefe mais chato que sua mulher e mais incompetente que seu colega-traíra, de parente pedindo emprestado um dinheiro que você sabe que não vai ver de volta …
Ao meditarem sobre essas condições, nossos pesquisadores lembraram de uma situação com a qual fizeram uma comparação: uma vida emparedada assim tem que ter algum lenitivo, alguma escapatória, algo assim como a liberdade condicional a que o prisioneiro tem direito se se comportar bem dentro da prisão, se não tentar rebelar-se, se cumprir todas as ordens, se não abrir o bico por nada neste mundo, se fechar os olhos para tudo que os olhos não deveriam ver e, se viram, seria melhor não terem visto.
Não cabe na discussão desse Aforismo levantar hipóteses sobre a vida e suas múltiplas dimensões, mas interessa discutir uma dessas dimensões, a que mostra que a vida para ser vivida exige condições, tem uma série de condicionantes, que de graça não tem nada, que inclusive de graça sai mais caro.
Nós os Canis&Circensis sabemos muito bem que tem muita gente que torce o nariz para análises como essa que fazemos. Mas, para nós, se tudo na vida (começando pela própria) tem condições para que ocorrra, por que seria diferente com a liberdade?
Claro que cada um é livre para pensar o que quiser sobre o que quiser. Nós só nos permitimos observar, contudo, que a principal condição para o exercício da liberdade é – ou deveria ser – a competência para tanto – concorda, leitor?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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