Nossos pesquisadores estavam interessados em saber mais sobre uma situação específica da condição humana, talvez uma das que melhor caracteriza nossa existência bípede: somos ou não somos uma raça destinada a ser livre? Temos condições de nos conduzir por nossa própria conta e risco, ou, não sendo possível agir assim, estaríamos para todo o sempre condenados, ou destinados, a sofrer as sanções que acometem seres rebeldes, rebelados, malucos em geral – digamos então a quase totalidade dos bípedes.
O apreço que nossos pesquisadores têm pela história fez com que eles fosse pesquisar diversos períodos históricos nos diversos quadrantes que contemplam o errático vagar humano pelo globo (para alguns, plano) terrestre. Nessa busca, uma característica saltou aos olhos: o bípede em questão parece tere aprimorado não apenas as formas de danificar a vida, de maldizer seu irmão, de arrebentar com a natureza, entre tantos predicados, mas, outra especialidade, ter constatemente aprimorado as formas para recolocar os faltosos na linha, para endireitar os descanhotados, para retificar os fora de prumo, enfim, para colocar ordem no samba. E, nessa empreitada, não economizou em criatividade e perversidade.
Imagine o distinto leitor viver na época de caça às bruxas (não a versão moderna, século 20, que , nos Estados Unidos, artistas acusados de pertencerem ao partido comunista). Não: estamos falando da caça às bruxas original, raiz mesmo, aquela lá na Idade Média. Se naquela época você fosse acusada de mexer a olher de pau em um caldeirão e preparar uns poções mágicas (mesmo que fosse mentira), seu destino estaria altamente complicado: era tortura, para lhe dar a oportunidade de se arrepender dos seus crimes e, caso você nem assim assumisse sua culpa, a turma colocava você amarrada em uma roda para esticar seus ossos, sabe, um tipo de alongamento medieval.
Claro que quando falamos de pecadoras (aquelas do sexo feminino de corpo e alma) não estamos esquecendo dos pecadores, que teriam o mesmo fim, mesmo se o pecado fosse outro, mas considerado como potencialmente perturbardor da ordem.
Mas, evolução que se preze exige sofisticação. Então, hoje em dia, nada de tortura medieval, chicote no pelourinho, nada de virar churrasquinho na fogueira. Para sangrar até a última gota, a modernidade houve por bem enredá-lo em um sistema dito mais racional, baseado na razão, que mostraria sem sombra de dúvida que o homem não passa de um pecador. E, para lembrar o quanto evoluímos, colocamos sua vuda nas mãos de uma figura toda de preto para tornar sua vida bem negra.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
Canis Circensis – Copyright 2024 – Políticas de Privacidade