Convidamos você, leitor, a responder a seguinte questão: existe assassino mais presente e atuante na história humana do que o sangue?
Quando alguém se sente desonrado só porque a mulher, insatisfeita com o desempenho do marido, vai atrás de um bonitão que a socorra e satisfaça, pega e mata a traidora e o traidor, o faz em nome do quê? Do sangue, concorda?
Quando alguém tem que honrar uma dívida contraída por um antepassado malandro, desonesto e perdulário, como se chama essa dívida? Dívida de sangue, concorda?
Quando, no passado, um povo queria submeter outro povo, acusando-o de infiel e idólatra, o fazia em nome de quê? Adivinha? Sim, o velho e “bom” sangue.
Quando alguém, orgulhando-se de que um filho tem um comportamento semelhante, para não dizer igual ao seu (de quem diz), diz, orgulhoso: “É sangue do meu sangue” – não importa que seja tão idiota quanto o original!
Engraçado, pensaram nossos pesquisadores, o sangue tem que ser puro, e continuar puro, não importa se, para isso, seja necessário verter violentamente o sangue de quem não tem o mesmo sangue. A que pureza se referem? Por que o sangue que não é como o seu (de quem fala) é, por isso, necessariamente impuro? E mais: por que o sangue tem que continuar puro e intocado?
Segundo nossos pesquisadores, garantir a pureza do sangue seria garantir a continuidade das coisas como são e que devem continuar sendo como sempre foram, não importa, em regra, quem esteja falando, se bem que a história mostra que há sanguinários mais sanguinários que outros sanguinários.
Como diriam os jovens, o sangue is the new olho por olho, dente por dente, dito de maneira ainda mais determinista e imutável.
Existe por acaso serial killer mais mortal que o sangue?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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