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Não há bala perdida. Uma bala sempre encontra um alvo

Na verdade, nossos pesquisadores começaram o estudo desse aforismo partindo de um estudo que eles estavam e estão fazendo sobre a questão da conexão entre as coisas da vida e do mundo. Se as coisas se encontram, se encontram por quê? E como? Há alguma espécie de pacto entre duas coisas que se encontram (sejam elas gente, bicho, máquinas, Ets de Varginha, monstro do lago de Lochness etc.)? Alguma motivação? Ou o acaso seria uma resposta menos tranquilizadora para muitos espíritos dogmáticos, mas possivelmente mais de acordo com a aleatoriedade mesma das coisas?

Essa condição foi colocada na mesa de discussão dos nossos pesquisadores com o uso de diversos exemplos. Por exemplo: a goiabada é o alvo certo para o queijo branco, ou este só está interessado na doçura daquela? E o bacalhau, está interessado na dupla com o vinho só para encher a cara, ou haveria outros motivos para um casamento culinário tão bem sucedido, no qual nada se perde? Há alguém que perde ou que ganha nesse tipo de parceria, ou as coisas aconteceriam muito mais do que pensamos na base de uma simbiose baseada na pura malandragem? Tipo assim: líquens, resultantes da associação de uma alga com um fungo; micorrizas resultantes da associação de fungos com raízes de plantas superiores; bacteriorrizas, resultantes da associação de bactérias com raízes de plantas leguminosas. Sem falar na “brodagem” no mundo animal:  anêmona com caranguejos; lagostins com peixes; hienas com abutres; moscas com certos mamíferos; formigas com pulgões – cada um tendo o outro como alvo por puro interesse.

A discussão estava bem acalorada até que um pesquisador, um sociólogo, resolveu “colocar fogo no parquinho”, perguntando: “Se essa é uma relação do tipo ganha-ganha, cada um tendo atingindo o alvo mais conveniente para si, só para continuar vivendo, então, não é possível dizer, por exemplo, que existe bala perdida, e que se uma bala encontrou um alvo é porque haveria uma simbiose entre essas duas situações. “Para matar alguém, um inocente? Tá doido” – interpelou outro pesquisador.

A discussão prossegue, sem nenhuma concordância entre os pesquisadores. Felizmente, nossa equipe de manutenção teve o cuidado, ao preparar a sala para a reunião, de retirar todo objeto cortante e pontiagudo, para evitar que a elucidação do aforismo fizesse com que fosse atingido o alvo errado.

Mas, aí, bye, bye para a ordem oculta das coisas!

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