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Nem tão próximo que se curve. Nem tão longe que se esqueça

Como viver em sociedade de forma razoavelmente tranquila e integrada (se é que isso é possível), sem que a convivência consigo próprio não vire um campo de guerra? Ou o que é pior: como estar socialmente integrado e individualmente desintegrado em graus diversos (neuroses, psicoses, fobias, transtornos polares, bipolares, multipolares)?

Nossos pesquisadores estavam estudando o preço que o homem tem de pagar para ser chamado de homem por outros homens (se é que isso existe). E, independente do preço, valeria tanto assim ser chamado de homem … por outros homens? É uma honraria? Algo que valha a pena? Ou é tipo daqueles diplomas que se pendura na parede e que não significam nada?

Entre nós, aqueles mais inclinados a raciocínios políticos queriam enfocar o seguinte: se somos iguais, nada mais igual a mim do que o outro (aliás, prezado leitor, que coisa rara encontrar alguém que seja igual a si próprio, concorda?), o que fez eriçar os cabelos dos que, entre nós, acham que igualdade é coisa de gente pobre querendo aparecer! Menos radicais, há também entre nós, outros que não consideram a questão do ponto de vista da igualdade, mas da semelhança. Então, não seríamos iguais a ninguém (começando cada um por si próprio), mas meramente (e se tanto) semelhantes. Mas semelhantes em quê? Se para nos aproximarmos dos nossos iguais seremos obrigados a nos curvar (para tornar possível a convivência), que igualdade é essa que obriga que um igual fique desnivelado de outro igual? Se formos semelhante, a questão fica um pouco mais fácil, mas mesmo assim traz questionamentos: por que justamente eu tenho que me curvar para me aproximar do meu semelhante, que não faz a menor menção de que fará o mesmo? Mas, se nos distanciarmos um igual de outro igual, e mesmo um semelhante de outro semelhante, seria possível falar de convivência? Tudo bem que distantes entre si iguais ou semelhantes, é bem provável que a saúde mental de todos, iguais e/ou semelhantes, estariam em melhores condições, mas com o passar do tempo seríamos, iguais ou semelhantes, uma distante imagem de realidade que alguém dia talvez até tenhamos sido.

A distância que possibilita a saúde mental (quanto maior, tanto melhor) não seria o preço para fazermos uma sociedade menos maluca e menos cheia de malucos? Se for verdade, deveríamos passar a chamar iguais de desiguais e semelhantes de dissemelhantes – concorda?

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