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Ninguém é, antes de ser (ou de já ter sido)

Que o homem é um ser de obsessões, todos sabem e ninguém duvida – ou você acha que psicólogos e políticos ganham a vida tentando tratar (os primeiros) e manipulando (os segundos) o quê? Mas, haveria, dentre a lista infinita de obsessões humanas, algumas que se destacassem? Bem, só essa busca daria um aforismo próprio. Por isso, nossos pesquisadores decidiram por conta própria apostar em uma obsessão: não, não é o tamanho do membro masculino, nem porque as mulheres acham que o espelho está conspirando contra a sua (dela) imagem. A aposta deles foi, em uma palavra: essência.

Essência, como sabem todos os que não dão bola para os espelhos é, ops, ou melhor, seria a verdade nua e crua, irredutível, sem qualquer maquiagem, botox, pancake, pó de arroz, batom ou lipoaspiração. A essência seria aquela condição sem nenhuma mentira ou falsidade, o osso da coisa, a nudez total, de fazer monge tibetano parecer Dorian Gray, de deixar budista careca mais cabeludo que roqueiro.

A busca da essência movimenta mercados de bilhões de dólares. Todos querem saber quem de fato são, o que inclui as empresas, interessadas em descobrir seu DNA (versão biológica da essência). Cursos de toda ordem são oferecidos para se chegar a ela: astrologia, quiromancia, runas, búzios, ioga, leitura das mãos e da borra de café, trabalho em equipe, esportes radicais, sobrevivencialismo na selva, meditação, comida natural.

Diante dessas possibilidades todas, nossos pesquisadores se perguntaram: mas, afinal, a essência é alguma coisa que existe “antes” da civilização começar seu tabalho mentiroso de cobri-la de todo tipo de adorno desnecessário, começando pelas roupas e terminando pelo ego? Ou a essência seria, ao contrário, uma condição “posterior”, lentamente adquirida, para a qual a vivência desempenharia um papel fundamental?

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