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Leitor, fala a verdade: é uma comodidade não ter que dividir o bife, certo? É uma segurança saber que terá toda a atenção do mundo só para si, certo? É uma comodidade não ter que usar roupa velha de irmão mais velho, certo? Usar o tênis usado!!! É ótimo ter um quarto só seu, cama limpa e arrumada, não é?
Na viagem de férias, vai poder ficar na janelinha do avião; vai poder repetir os passeios prediletos. E não terá que ir para um lugar que não escolheu.
Imagina o contrário: ter tudo isso dividido pela metade, ou por três, ou por quatro, sabe-se lá por quantos concorrentes! Ninguém para fazer sombra! Ninguém para concorrer! Ninguém para dividir os holofotes! Toda a atenção para si, todo o carinho!
Não ter que ficar justificando porque seu modo de pensar é diferente (não tem ninguém para pensar diferente?!); não ter ficar competindo pelo amor e pela atenção de ninguém (não tem competidor?!). Não ter que justificar nota ruim em matemática, enquanto um “irmão” teria tirado um glorioso e rotundo dez. Divergência zero!
Sem contar que com medo de perder o pimpolho único, contaria com toda a complacência do mundo, até os castigos nem seria castigos propriamente, mas pequenas correções de rota. Mesmo porque, em caso de castigo, nada que um chorinho de leve não trouxesse de volta o amor e a atenção.
Leitor, não sabemos se você é filho(a) único(a), mas, de boas, a situação que nossos pesquisadores descreveram acima não bate com a realidade?
Por dever de honestidade com você esclarecemos que escolhemos essa maneira de escrever porque quando trouxemos a público a primeira versão do texto, na qual o filho único era na verdade a teoria, quase fomos excomungados, acusados que fomos de diversionistas por levantar a ideia de que ver de uma maneira única só serve para fazer de tudo um nada monótono e sem vida.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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