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O magistério da inteligência adverte: teoria é medicamento
tarja preta e deve ser usado com estrito e severo comedimento. O uso prolongado pode trazer dependência. Se os sintomas persistirem, procure um prático

Como insistimos e insistiremos sempre, o nosso é um grupo de cientistas e pesquisadores interessados única e exclusivamente em afirmar que todos os gatos são pardos, desde que observados à falta da luz, falta que ao nada tudo reduz. Por isso, você, estimado leitor, talvez possa estranhar o aforismo acima, e perguntar-se: será que o preclaro e estimado CANIS & CIRCENSIS, que tanto está fazendo para que gatos brancos sejam vistos como brancos e que gatos pretos sejam vistos como gatos pretos, estaria sendo contraditório? Como um apanhado de pessoas tão dignas e inteligentes poderia ter restrições em relação à teoria?

O digníssimo leitor sabe que teoria é como uma espécie de óculos, ou seja, é o que possibilita a visão. De acordo com os óculos, vemos de um jeito ou de outro. Por exemplo: a teoria do corintiano é que possibilita ao corintiano ver que o Corinthians é melhor que o Palmeiras (e todos os outros); do mesmo modo, a teoria do palmeirense é que possibilita ao palmeirense ver que o Palmeiras é melhor que o Corinthians (e todos os outros). Pois foi justamente aqui que nossos pesquisadores corintianos e palmeirenses se perguntaram: será que a teoria que permite ver que nós somos melhores que todos os outros não é a mesma teoria que permite a todos os outros verem que eles são melhores que nós? Se nós, em função da teoria, achamos que somos melhores do que eles, e eles, também em função da teoria, acham que são melhores que nós, o resultado a que leva a teoria, ou seja, ser o melhor, é o mesmo – o que muda, então, é apenas a cor da camisa do time de futebol? Em outras palavras, se o resultado é exatamente o mesmo, como uma teoria pode dizer que é diferente?

Afinal das contas, onde de fato acontece a vida e suas infinitas diferenças: na rua ou nos livros? Nas esquinas ou nos estudos acadêmicos? Nos becos ou nas bulas? Nas feiras ou nas gramáticas? Na estiva ou nos dicionários?

Nossos pesquisadores ainda se encontram em meio a acaloradas discussões, mas, pelo que pudemos entender, tem um aspecto que os está incomodando demais: para resolver se uma teoria é apenas uma teoria, eles vão ter que desenvolver … uma teoria.

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