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O maior impedimento para o
entendimento é o conhecimento, não a ignorância

O período conhecido como Iluminismo foi, como diz o nome, uma tentativa de jogar luz naquele que era visto como o grande impeditivo para que finalmente a humanidade dissesse a que veio, a ignorância. Naquela época, a humanidade parecia estar, pela primeira vez, diante da possibilidade de varrer para o lixo da História situações como direito divino da realeza e infalibilidade papal, ou seja, com uma cajadada só, dois coelhos a menos no mundo, coelhos pródigos que só. Mas o andar da carroça da história confirmou que se existe alguma coisa que um coelho sabe, além de ser pródigo, é saber resistir a cajadadas. Portanto, haja luz para tanta ignorância e para tudo que é coelho!

De tranco em tranco, a carroça da História veio caminhando em ritmo o exato oposto ao de um coelho, e acabou por desembocar na psicanálise, que apagou aquela restiazinha de luz que o Iluminismo havia trazido, ao transferir a responsabilidade pela maluquice geral imposta ao mundo por padres, nobres e reis para as trevas do inconsciente – voltaram as sombras! Assim, nossa servidão mudou de déspota, e para pior: se antes era possível colocar a conta das mazelas do mundo em nome do Abreu (aquela que ninguém paga), com a psicanálise a conta teria que ser paga por nós mesmos (os piores dos pagadores). E o preço nunca é menor do que cobra qualquer analista recém formado por uma hora de sessão, principalmente se for argentino radicado na Califórnia tentando emplacar uma teoria psicanalítica revolucionária (prepare a carteira!). 

Mas, o homem descobriu as luzes da tecnologia e, daí para frente, o mundo nunca mais foi o mesmo – que o diga a natureza, saco de pancada preferido do homem (depois do próprio homem, é claro). Tudo isso considerado, nossos pesquisadores tentavam entender se afinal conhecer é bom ou é ruim. Por um lado, muita coisa que estava encoberta, mal exposta, escondida, ganha luz sobre si, e a luz não tem nada de econômica: ilumina o que estiver à frente, quer dizer, de uma espinha no rosto do adolescente, passando por uma celulite nas pernas da modelo, chegando à cara de pau do político envolvido em mais uma jogada de corrupção administrativa, aparece tudo. No tempo em que a luz não era usada com essa finalidade iluminadora, mas, quando muito, aquecedora (luz é calor, e você sabe disso!), o mundo velho de guerra ia vivendo seus dias de guerra (tem sempre uma, em algum lugar do mundo). Por isso, perguntaram-se nossos pesquisadores: por que a luz continua tendo esse charme tudo, de tudo poder revelar, se tudo que ela revela é o que existe de menos luminoso?

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