Sobre o aforismo acima, nossos pesquisadores estavam particularmente interessados em entender por que as pessoas não se conformam com a vida que levam ou com a existência que têm. E, não se conformando, o que estariam fazendo para mudar esse estado de coisas. Nossos pesquisadores partiram de um pressuposto objetivamente constatável: se o homem muda muita coisa no mundo (muito mais para pior do que para melhor, dizem), isso não significa que o mundo em si mude muito. Quer dizer, de um jeito ou de outro, o mundo continuará sendo o mesmo velho e bom (ou mau) mundo de sempre. Mas se é bom, o que haveria, então, para mudar?
Nossos pesquisadores ficaram intrigados: como é possível ter, lado a lado, um grande desejo de mudança (eles estavam levando a sério o que ouviam dos entevistados) e um mundo que parece dar uma banana (das grandes) para nosso desejo de mudança? Pensaram eles: afinal, o mundo não é o que fazemos dele? Se é, por que apesar de termos feito tanto, o mundo tem sempre essa mesma cara de mundo, com os mesmos problemas do mundo de sempre, as mesmas angústias do mundo de sempre, a mesma desigualdade do mundo de sempre, a mesma injustiça do mundo de sempre, a mesma miséria do mundo de sempre? Ou, ao contrário, nós somos uma coisa, e o mundo, outra, totalmente diferente, assim como marido e mulher? Não acabamos ficando sempre com a impressão de que o mundo será sempre o mesmo mundo de sempre, mesmo mudado? Se mudou, como pode ter ficado o mesmo?
Nossos pesquisadores levantaram outra linha de trabalho: e se o mundo tivesse vida própria? Quer dizer: e se o mundo fosse uma entidade com vontade independente, na qual os homens existissem meio que assim como talvez zumbis? Ou se vivessem como almas entre encarnados sem alma, portanto, sem capacidade sequer de notar sua existência, sem sensibilidade para sua situação peculiar?
Até o momento, o máximo que eles conseguiram – parece – foi constatar que do mundo faz parte o desejo de mudar o mundo – afinal, ninguém quer ser visto como um comodista conformado com um mundo que está mais para i-mundo. Mas, parece que eles não conseguiram o mesmo sucesso ao tentar perceber se o mundo não muda porque não muda quem faz o mundo (e por isso deveria mudá-lo) ou porque não mudando o mundo não muda quem deveria mudá-lo.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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