Toda vez que abordamos essa questão da medida já vem a chiadeira. Nós, os Canis&Circensis, não entendemos por que de tanta resistência. Vai ver, todo mundo (ou a maioria do mundo todo, de quase todos) se considera assim tipo ninguém me coloca brida nem freio, nem em mim nem no meu desejo, sou o que quiser e quero ver alguém me impedir.
Sabe que a reflexão sobre esse Aforismo começou quando, na mesa de discussão, e com a garganta seca, todo mundo de olho na água, quando percebemos que a água estava sendo servida em copos de diversos tamanhos, uns mais baixos e largos, outros mais altos e estreitos – sabe, recebemos doações as mais diversas e em cavalo dado não se olha o copo. Muito que bem: a mesma, a mesmícia água estava comprida, se vista no copo que lhe dava essa feição; ou horizontalizada se colocada em copo largo e bojudo. Quer dizer: a forma da água é a forma do copo. Se a água do copo alto fosse derramada sobre a mesa, bye, bye formato longo; o mesmo aconteceria com o formato alargado do copo bojudo. Quer dizer, água não tem caráter, quer dizer, não tem cara, não tem forma, mas adquire a forma do que a abriga, certo?
O interesse dos nossos pesquisadores era, no fundo, tentar entender por que tanto interesse no conteúdo e tanto desprezo pela forma, quando é a forma que forma o conteúdo? Ou, nesse caso: é a moldura que emoldura o quadro, seja ele do estilo que for, goste quem goste de arte sacra, barroca, moderna ou pop.
Parece sempre a velha estória: a forma, quer dizer, o externo, seria menor, sobretudo diante do conteúdo, o intocável, o essencial, o inatingível, que só faz reclamar do que o limita, esquecendo-se de que o que o limita é o que o caracteriza.
Se o pessoal não reclama da forma da água, de acordo com a forma do copo, por que não reclamaria da forma do quadro, culpando a pobre da moldura?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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