Nossos pesquisadores estavam interessados em entender um pouco mais da condição pendular do homem … porque você concorda conosco, leitor, que se o ser humano está aqui, quer estar ali, e se estiver ali, quer estar aqui; se está quente, quer o frio (exatamente como o contrário).
De um ponto de vista mais filosófico, a queda-de-braço ocorre entre o universal e o particular. Que cada um é cada um, e quer ser exatamente um, não há dúvida. Em uma palavra, singular. Mas, queríamos entender como alguém, alguma forma de vida, que quer-porque-quer, a todo custo, ser singular, não quer ser universal, entendendo universal como uma condição que vale para tudo e todos? Nos perguntamos: seria possível existir algum universal (uni=um; verso=lado) que, justamente por ser assim, não seria singular? Ou estaríamos falando da mesma coisa apenas usando duas palavras só para complicar? Afinal, se é universal, é igualmente singular; se é singular, é igualmente universal.
Nossos pesquisadores apuraram que a palavra singular é mais fácil de entender: singular é aquilo que não é plural, que não é como todo mundo, igual-que-nem. Basta lembrar das aulas de Gramática, conjugação de verbos.
Agora, a encrenca: e o universal? Quando se fala de universo, nove entre dez respondentes vão apontar a mão para o céu. E vão se referir ao termo, dizendo que o universal é tudo, são todos, é a grandeza máxima que não pode ser medida. Ok. Mas, quando nossos pesquisadores colocavam a entrevista impressa para os respondentes e observavam para eles que, depois de acabar a parte da frente, seria necessário ver o verso (localizado na parte debaixo, à direita, assim: vide verso), não chamava a atenção o fato de estarmos falando do mesmo verso, só que não o uni, mas o vide, o outro. E, quando esclarecíamos essa questão, os respondentes achavam que era coisa de gente meio maluca (não estavam errados), gente que estava querendo atrasar a pesquisa e eles precisavam ir embora logo (não estavam certos), gente que tinha alguma idéia meia conspiratória e divisionista (estavam mais ou menos certos e errados), gente que estava querendo ‘causar’ (estavam talvez certos ou errados). Notamos que os mais exaltados encontraram-se entre aqueles de inclinação religiosa, que nos disseram que estávamos querendo confundir o que uma honrada tradição milenar nunca disse – quem seríamos nós, os Canis&Circensis, para cometer tamanha ousadia?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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