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Nossos pesquisadores queriam entender os motivos que fariam com que tanta gente apreciasse ambientes como o velho oeste e similares – ambientes brutos, pouco civilizados, agrestes, mal cheirosos, poeirentos, sem água encanada, sem luz elétrica, sem rua asfaltada, com comida mal servida, sem talheres à mesa. Ambientes povoados de gente sem dente, ou um dente aqui outro lá pra frente, dentes cariados, um pedaço de ouro em algum lugar da boca, barba frequentemente por fazer (os homens)
Banho? Nem pensar, ou assim muito, mas muito eventualmente. No cabelo, em dias de alguma solenidade (como se soubessem o que seria isso), uma pasta, um óleo.
Roupa lavada? Só quando não desse mais para disfarçar o fedor dos flatos encravados no fundo da calça.
Mas, nossos pesquisadores reconhecem que se em ambientes assim falta muita coisa (ou quase tudo), tem também muita coisa assim tipo: tem muita arma, tem muita bala (não de coco, de metal mesmo), tem muita bebida de quinta categoria de tão ruim, tem muita discussão, tem muita gritaria, tem muita mesa arrastada e jogada de lado, tem muito empurra-empurra, tem muito copo de vidro voando pelos ares, tem muito tapa na cara.
Para tentar entender essa polaridade, nossos pesquisadores perguntaram-se: diante de tanta carência, como entender que esses ambientes causem tanta fascinação em tanta gente? Qual o chamariz? O que fascina? O que faria com que tantas pessoas se identificassem com tanta limitação? Pensaram: será porque esse ambiente externo poderia estar funcionando como um espelho que permitiria com que essa gente se visse nele? Se identificasse com ele? Um ambiente no qual essas pessoas se sentissem em casa? Um ambiente que elas sentissem que acolheria o que elas têm de mais íntimo, de mais verdadeiro, alguma coisa contra a qual lutar seria derrota certa, alguma coisa crua talvez bruta mas potente o suficiente para que elas se sentissem conduzidas sem poder (nem querer) dizerem não?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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