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Nossos pesquisadores ao começarem a estudar este Aforismo, partiram do pressuposto óbvio de que todo tirano, qualquer tirano, é uma tragédia. Representa muita coisa, como, entre outras, a incapacidade de gerirmos nossas próprias vidas, a incapacidade de colocar no poder gente mais civilizada, a incapacidade de resistir a colocarem no poder gente que vai fazer da vida de toda gente um inferno diário.
Mas, por mais que essa trágica figura seja detestável, pareceu a nossos pesquisadores muito difícil acreditar que ele, o tirano, por si, só, represente toda a catástrofe que uma tirania sempre significa.
Claro que se nossos pesquisadores quisessem moleza, bastaria escolher algum tirano (há muitos na história) e tentar entender sua personalidade narcisista, seus desvios de caráter, sua formação familiar caótica – esses são fatores que costumam constar na biografia de todos eles. Mas, nos perguntamos: por importante que sejam, esses fatores psicológicos explicariam talvez o tirano, mas e a tirania?
Nesse ponto, a análise virou para o lado político, econômico e o das relações internacionais. Nesses casos, sempre tem a velha questão de que o tirano é necessário para colocar ordem no samba (leia-se, no país) e para proteger o samba (o país) de outros sambas (leia-se: países) que dizem que seu samba (leia-se: país) é melhor, mais afinado, desfila melhor na avenida, e, portanto, seria um crime (soa estranho tirano usar a palavra crime, não acha?), uma desumanidade (soa estranho tirano usar a palavra desumanidade, não acha?) não colocar essa excelência toda de samba à disposição de outros sambas (leia-se: países).
Sem falar, pensaram nossos pesquisadores, no fato de que o tirano parece ser uma situação confortável para muita gente. Assim: existiria tirano se não houvesse em alguma medida tiranos dentro de cada um que permite que um tirano de fora seja reflexo de um tirano de dentro que não saiu do armário?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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