Desde que tematizamos essas criaturas em outro Aforismo, fomos solicitados a voltar ao tema, para explorarmos outras dimensões de seres tão fascinantes e, sendo assim, como nós, os Canis&Circensis, poderíamos apontar para eles nosso dedo indicador podre e questionador?
Porque a grita geral provocada pelo primeiro Aforismo sobre eles é porque, lá, eles foram mostrados como nós achamos que a realidade os mostra e que quem não acreditava nisso tinha para a realidade os mesmo olhos que uma coruja estrábica, velha e vesga.
Dessa feita a defesa em defesa deles foi a seguinte: celestiais que são, seus ouvidos são para lá de sensíveis. Com eles não adianta gritaria, palavrão, xingamento e nem gíria de mano. Com eles, as palavras têm que ser suavemente cantadas, sussuradas mesmo, ao pé do ouvido, ou como dois amigos que se confessam um segredo. Tudo baixinho e delicado. Se formos falar em termos de instrumento musical, seria como falar como soa uma flauta doce, não daquelas tocadas por gente-natureba com a cabeça cheia da ‘mardita’, tudo desafinado. Não: o som deveria sair limpo como esse sai da boca de um cantor castrado, cantor que não canta, mas pede aos poderes maiores, som que rivaliza como os mais suaves porduzidos pela natureza. Aí sim, e só a partir daqui, pode-se dizer que os rechonchudinhos vão abrir seus tímpanos e não vão mais fazer ouvido de mercador.
O que intriga nossos pesquisadores é saber se houve alguma vez que, mesmo com a mais sincera das súplicas de quem de fato precisa de ajuda, se, mesmo nessas condições, os barrigudinhos não atenderiam? Sem falar em uma coisa, certo, leitor?: quem está necessitado não está assim todo-gentilezas, todo leite-condensado, todo cheio de mimimis. A coisa é séria, o sujeito-cadente pode estar em sérias dificuldades econômicas, financeiras, profissionais, familiares, pessoais, pode estar devendo para deus-e-o-mundo, os agiotas não largam do pé dele e, por mais que tenha errado, por mais mesmo que tenha até pecado, quem seriam eles-gracinhas-de-quadro a dar-se a soberba de não atender ao justo pedido de um pecador? Também, tudo tem que ser do jeito deles, à moda deles, não dá para descerem das alturas e ver como é dura a coisa aqui embaixo? Qeu, por aqui, a rapadura pode até ser doce, mas mole não é mesmo?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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