Quem não gostaria de ser o primeiro? Em alguma coisa, qualquer coisa que fosse? Claro que melhor seria ser o primeiro, por exemplo, em grana; em popularidade junto à mulherada (para que não nos acusem de sexismo de qualquer natureza, pode ser junto à homarada, caso seja esse o interesse, ou junto à jegada – sabemos que tem gente que adora jegues!), ou em inteligência, o primeiro da classe, nota dez, mas, se não der em nenhum desses casos, pode ser o primeiro no campeonato amador de cuspe à distância; ou o primeiro no lançamento de anão à distância (o anão pode ser pequeno, mas é humano como nós, com todo tipo de necessidade que faz do homem, de qualquer altura, um necessitado nato).
Esclarecimentos iniciais feitos, nossos pesquisadores estão nesse momento tentando entender outro aspecto da liderança, mais exatamente, de quem chegue primeiro em qualquer competição, o que faz do homem um ser sempre competindo contra alguma coisa. Sabemos, como dissemos no parágrafo inicial, que ser o primeiro pode garantir diversas vantagens, econômicas, sexuais, políticas. Mas, o que mais a liderança garante, além das vantagens brevemente esboçadas? Em uma disputa de todos contra todos, todos exceto o líder parecem ser os perdedores. É uma liderança estatisticamente insignificante, praticamente nula de inexistente, diante de uma multidão enorme de grande de todo mundo que fica do segundo lugar para baixo, quer dizer, todo mundo menos 1 (o líder). Se todo mundo menos 1 (o líder) não tem nada a perder (afinal, já perderam a liderança, ou melhor, não ganharam a liderança), não seria, ao menos matemática e estatisticamente , o caso de inverter essa equação que faz de todo mundo liderado, passarem a liderar o líder, agora ex-líder, dando-lhe uma lição de humildade, colocando-o em um lugar que irá obrigá-lo a ver que tem gente à frente dele, que liderança rima com solidão, que liderança é, na transitoriedade da vida humana, o que há de mais precário e transitório, e sobretudo predatório, e que, cedo ou tarde, o líder será passado para trás por um dos muitos candidatos predatórios à posição de líder, ávidos por vingarem-se daquele que, quando líder, tinha como companheiras, do seu lado, muito próximas, raiva e ressentimento, devidamente potencializados na primeira oportunidade de revanche. Líder – sua hora chegará!
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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