Anterior
Próximo

Pode ser o dinheiro. Pode ser o sucesso. Pode ser a moral.
Pode ser a ética - para algum patrão você terá que fazer o beija-mão

O que os nossos valores dizem de nós? O que os nossos valores exigem de nós? Partindo dessas duas perguntas, nossos pesquisadores procuravam entender a relação que o homem mantém com seus valores e o que esses exigem dele, homem, para poder chamá-lo de coerente e íntegro com esses valores que ele professa – se os valores são coerentes, eles gostariam de saber se os homens que os praticam também o seriam. Nossos pesquisadores partiram do pressuposto de que o homem tem valores, mesmo que esses valores variem de acordo com as circunstâncias, um agora, outro depois do almoço, um terceiro amanhã, um quarto no jantar de sexta à noite, sábado à noite sabe-se lá qual, outro ainda na torcida no estádio de futebol, outro no plenário de qualquer assembleia do País, um na alcova outro na praça pública.

A ideia era tentar entender se os valores são assim como cláusula pétrea de Constituição, aquela que não muda nem com reza brava, ou se, ao sabor dos ventos, das chuvas, das tempestades, das emoções, das conveniências, dos caprichos, dos interesses, dos humores, dos amores, dos vícios, das vicissitudes, das concupiscências, dos apetites, dos caprichos, das inconstâncias, das traições, da inépcia, da variação do dólar, da cotação da Bolsa, das intrigas, dos acordos de bastidores, dos pragmatismos, dos fisiologismos, dos desmandos, dos oportunismos e do alinhamento planetário os valores seriam válidos hoje diferentemente da validade que terão amanhã. Mas, valores têm prazo de validade, pensaram nossos pesquisadores? Outro incômodo com o qual eles se depararam deu-se ao constatarem a quantidade de adversários que conspiram contra a inteireza dos valores, alguns dos quais listados logo acima – alguns, não todos. Se um dia um, outro dia, outro, como os valores poderiam exigir de quem lhes presta préstimo que sejam como nem eles (não) são?

Nossos pesquisadores confessam que se encontram em um impasse. Os homens, por um lado, não querem dar o braço a torcer e não atiram a primeira pedra nos valores, para eles, instância inatacável, que eles dizem ter como norte na vida. Na impossibilidade de obter da boca dos próprios valores sua versão dos fatos, nossos pesquisadores estão se perguntando em que medida dar voz aos homens responderia a questão. Mas, há uma pulga atrás das orelhas dos nossos pesquisadores: se os valores tiverem a cara dos homens que os criaram, como poderá ser rígido o que vem do malemolente?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress