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Qualquer vida vale a pena ser vivida, menos esta

Quando você leitor vier visitar as instalações da Fundação Canis&Circensis notará o cuidado que dispensamos às áreas verdes. Lembramos de passagem que para ter o direito de aparecer por aqui, esse direito é uma conquista sua – para tanto você deve participar de uma de nossas pesquisas, torcer os dedos esperando o resultado e a benevolência crítica do nosso fígado e de nosso intelecto.

A sensação de ver o verde verdejante provoca aquele pensamento-padrão, de como é mais verde a grama do vizinho. Ora, que cuidem de suas gramas! Sem fazer muito esforço intelectivo, e colocando no lugar da grama a vida, conclui-se que a vida do vizinho é mais vida do que a nossa – quer dizer, não a nossa dos Canis&Circensis, vida vivida com a fidelidade à vida que só um Canis&Circensis pode viver.

Como compatibilizar duas situações: de um lado, uma vida que não vale a pensa ser vivida; de outro, é a única vida que o sujeito tem. Nessa situação o que a ele resta: desejar uma vida que não é a sua? Desejar uma mulher que não é a sua? Desejar um emprego que não é o seu? Desejar uma casa que não é a sua? Desejar um dinheiro que não é o seu? Desejar um carro que não é o seu? Desejar uma inteligência que não é a sua? Desejar uma capacidade que não é a sua? Desejar uma casa na praia que nunca vai ser sua? Desejar um corpo que muito provavelmente não vai ter? Desejar uma beleza que muito provavelmente nunca vai ter? Desejar um sucesso com as mulheres (ou com homens, dependendo da opção de cada um) que nunca teve?

Nós, almas caninamente elevadas dos Canis&Circensis reconhecemos que essa situação que é a de todos, menos a sua, é bem limitada – e pior, limitante. Que, com ela, não há muito a fazer – então, quando não há muito (leia-se nada) a fazer, fazer o quê?

Como você, que faz parte do todo mundo que não é todo mundo, não poderia responder, pedimos que você nos ajude, enviando esse Aforismo para o todo mundo que é todo mundo mesmo, que queria ser qualquer um, menos o que é, que responda para a nós confirmarmos se o que escrevemos gentilmente até aqui tem o sentido que só pode mesmo ter.

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