Quem não conhece a estória de que saber é poder? Todo mundo já ouviu essa conversa (que alguns chamariam de mera lorota).

Na verdade, quando começaram a pesquisar mais a fundo esse tema, achamos que nossos pesquisadores estavam naquela de legislar em causa própria, afinal, se saber é poder, eles, como pesquisadores e estudiosos, seriam uns belos de uns poderosos. Concorda?

Mas, aí, começa aquela velha estória: e, vocês, pesquisadores do Canis&Circensis, fazem alguma coisa na real, ou só ficam nessa de estudar Aforismo atrás de Aforismo, de escrever uns textos por aqui, mas na hora de colocar a mão na massa, cadê as mãos? Na hora de esticar os braços o que se vê são braços curtos para o trabalho?

Várias vezes fomos interpelados sobre isso, e apesar de nos sentirmos ofendidos, sobretudo porque, por trás dessa ideia existe a ideia de que somos uns impotentes, de que todos que pensam são uns frouxos, uns incapazes, uns molengas, que basta gritar e a gente dá no pé, como se o nosso trabalho tivesse a consistência de um pudim gelatinoso, que só somos fortes como é forte e potente um prego na areia – bem, algumas vezes essa descrição é verdadeira, mas nesse caso, nos colocamos ao lado de tantos e tantos pregadores de tantas e tantas seitas e religiões que durante séculos e milênios ficaram buzinando sem parar na cabeça dos crédulos que estão até hoje querendo entender por que o saber não pode nada se nada fizer; se não fizer nada, nada será feito nem nada acontecerá, e que saber é só a metade da pizza, a outra metade é a disposição para fazer o poder … poder. Antes disso, o saber será mais ou menos como a rainha da Inglaterra: reina, mas não governa; será como presidente em um regime parlamentarista, ninguém (muito menos ele) sabe o que está fazendo, exceto embolsando uma grana e articulando para derrubar o primeiro-ministro; ou será como aquele esportista que treina e treina e treina, mas nunca entra em campo para jogar de verdade; será como aquela (talvez) bela teoria a quem falta mostrar-se na prática à altura do que diz.

O que vale para nós, os Canis & Circensis: não nos leia, apenas, saia por aí latindo e se achar que for o caso, pode dar umas mordidas, assim para treinar os caninos!