Desde que demos à luz as pesquisas que fizemos sobre o tema da autoconsciência, nossos pesquisadores estão sofrendo desde xingamentos mais simples (louvando nossas progenitoras) a ameaças de morte bem violentas.
Como você sabe, somos devotados à causa científica, e não abrimos mão (aliás, quem poderia abrir a mão – e a carteira – é você, ajudando-nos a manter esse trabalho que honra um artigo raro: a inteligência humana) do rigor analítico.
Analisando o assédio a que estamos sendo submetidos, um de nossos pesquisadores levantou a hipótese de estarmos sendo julgados, sem sequer saber do que estaríamos sendo acusados! Que crime teríamos cometido? A quem estaríamos contrariando? Que interesses escusos estariam se sentido contrariados com nosso trabalho?
As hipóteses sobre nossos possíveis adversários foram diversas: um de nossos pesquisadores considerou a possibilidade de estarmos sendo criticados e mesmo atacados por um grupo de psicólogos interessados na venda de cursos para o desenvolvimento da autoconsciência holística-total-interativa-integrativa-completa-insuperável-única-incomparável-sem igual. Uma de nossas fontes afirmou que uma de suas fontes afirmou ter recebido de uma de suas fontes a informação, em primeira mão, de que talvez (quem sabe?) a conspiração não seria apenas de um grupo de psicanalistas daqueles que quase não falam (mas que cobram caro a sessão) – quem estaria por trás de tudo seriam nomes seletos da advocacia tupiniquim, gente não mais interessada em vender sentenças (negócio que mostrou queda de rendimento ao longo dos anos). A alternativa seria que os acusados já viessem para o julgamento com o veredito dado pelos próprios, o que evitaria gastos desencessários com infraestrutura , transporte de jurados e outros gastos.
Até onde pudemos apurar, esse estratagema, apesar de ardiloso, está parecendo um daqueles tiros que saem pela culatra. Ao invés de declararem-se culpados, os acusados chegavam com um veredito diferente daquele que o juiz daria (e pelo qual cobraria). Consta, segundo aquelas nossas fidedignas fontes, que os juízes estão considerando a autoconsciência dos acusados como muito benevolentes (além de pouco lucrativas). Apuramos que, para contornar esse problema, os juízes estão contratando psicanalístas para doutrinarem melhor a autoconsciência de seus pacientes.
A verificar.
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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