A cobra não goza de grande prestígio, entre humanos e entre as presas da cobras. Entre essas últimas, o motivo é óbvio: a cobra quer acabar com a vida delas. Mas, por que entre os homens a cobra não gozaria de grande popularidade? Alguma explicação religiosa? Por que se trata de uma forma de vida rastejante?

Deixaremos a certos ditos especialistas em religião ofídica explicações de tanto sucesso (ainda mais desse ser rastejante).

A ideia da nossa pesquisa era tentar descobrir se, entre as cobras, nós humanos gozaríamos de prestígio equivalente a ponto de elas pensarem que rastejantes seríamos nós, entendendo por rastejante um comportamento não muito recomendável, desprezível mesmo. Refletiriam as cobras: “esses humanos dizem que nós comemos umas às outras porque somos uma pior do que a outra – olha quem fala! O correto seria dizer: homem não come homem”. Mas, como estamos em um momento politicamente correto, as cobras não queriam correr o risco de ser alvo de críticas de caráter moralista e sexual.

Mas, voltando à perspectiva que nos interessa, vamos falar a verdade: que interesse um homem teria por e para comer outro homem (não estamos no campo sexual!). Não teria nada melhor para aniquilar? Essa pergunta só seria corretamente respondida se considerarmos que, já que os homens definitivamente não se entendem mesmo, o melhor para um homem é acabar logo com o antagonista-homem, num verdadeiro duelo de maldades, e que vencesse o melhor, quer dizer, o pior!

Considerando a conhecida incapacidade do homem de aceitar que um homem como ele pode ser melhor do que ele (o que é bem provável!), então, faz sentido que se um homem comesse outro para acabar com o competidor em termos de maldade, não teríamos chegado a casa dos 8 bilhões de homem-cobra-comendo-homem-cobra – concorda?

Enquanto esperam chegar a algum entendimento razoável para esse Aforismo, nossos pesquisadores começaram a categorizar os homens em termos de cobra: homens-naja, homens-jararaca, homens-piton, homens-cascável, homens-manbas, homens-surucucu, entre tantas.

Leitor, você acha que aquele seu colega de escritório se enquadra em qual das categorias de homem-cobra acima?