De uns tempos para cá, popularizou-se a expressão ‘simples assim’. Tudo passou a ser simples: de uma equação matemática à resolução de um problema amoroso; do relacionamento com o chefe a uma decisão adiada há semanas e semanas; da relação entre os políticos e a população à resposta definitiva e inquestionável sobre a existência de gnomos verdinhos e peludos. Tudo como um passe de mágica desapareceria de nossa preocupação, fizéssemos nós simplesmente o que deveria ser feito – não vamos entrar aqui nessa discussão, mas chama nossa atenção o fato de que o que é considerado simples sempre coincide com aquilo que institucionalmente se espera de nós e de nossa atitude.

Em outras palavras, se alguma coisa não está sendo possível é porque nós, os eternos culpados (entre outras coisas de complicar tudo que é simples), não estaríamos entendendo nada do que deve ser feito. Culpados então também pelo orgulho de nossa surdez e da falta de atenção para os sinais que estão sendo dados a todo instante. Portanto, muito do que seria naturalmente possível acaba virando uma desnecessária dor-de-cabeça – simples assim.

Nossos pesquisadores decidiram explorar a via oposta de pensamento: e se nada disso que foi até aqui alegado fosse verdade, ou ao menos verdadeiro, e se esse possível que alegam ser assim fácil como derretimento de manteiga na chapa quente, não passasse de alguma maladragem, assim do tipo criar-dificuldade-pra-vender-facilidade? Assim, muitas das coisas que nos dizem ser impossíveis, coisas que não deveríamos nem mexer, nem meter a mão em cumbuca, que é coisa muito séria, importante, nunca se sabe onde se esconde o bicho-papão, o boi da cara preta, o homem do saco etc. etc. etc. – bem, nessa linha de raciocínio, tudo o que foi dito para não ser dito, muito menos mexido, então isso sim é que seria necessário fazer, o véu em cima dessas coisas é que deveria ser levantado, como seria necessário e mesmo imprescindível que fizéssemos com nossas mãos o que, se fosse feito com mãos que não as nossas, o resultado não nos seria favorável com certeza.

Leitor, você acha possível que nossa argumentação faça sentido?