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Ser humano é um qualificativo que se aplica a muitos poucos homens

Nós, os Canis&Circensis, temos couro de rinoceronte – para atravessar esse couro precisa de bala de grosso calibre. Sabemos que seremos criticados a torto e a direito; à esquerda e à direita; a leste e a oeste; ao sul e ao norte, em tudo que é quadrante terrestre, mas não arredamos pé daquilo que demonstram nossas pesquisas, daquilo que mostram as evidências.

Que o homem seja o homem, lamentamos e concordamos. Mas, se a ideia for subir um pouco a régua, exigirmos mais, pensamos que estaremos sendo coerentes com a propaganda que sustenta que o rei da criação deve ser cobrado justamente à altura dessa pretensão – onde já se viu rei com jeito de plebeu (ainda que a imagem seja tentadora).

Que o homem seja apenas o homem – muito de nós (dentro e fora da Canis&Circensis) achamos de uma obviedade inquestionável.

Que o homem seja tão somente o homem – com seu insuperável currículo de destruição e morte (a própria, mas principalmente a alheia), não cabe a menor dúvida.

Que o homem tenha uma folha corrida de defeitos e erros e equívocos e maus ditos e maus dizeres e maus feitos – existe toda a história para sustentar essa afirmação com juros e correção monetária, fatos e mais fatos, e pilhas de fatos.

Que o homem deixe sua pegada de destruição em todo solo por que pisa, e suas digitais sangrentas manchem de vermelho tudo em que toca – não há negar possível.

Resumindo, puxando a capivara do homem, muito pouco há que se aproveite.

Por isso, qual seria a surpresa em constatar-se que resquícios de bondade, de fraternidade, de generosidade, de afeto, de apreço, de respeito, de compaixão, de carinho, de amor – de qualquer coisa que faça de um bípede metido e arrogante um humano minimamente decente é mais difícil encontrar que agulha em um palheiro?

Isso não parece perfeitamente óbvio, leitor?

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