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Tão difícil quanto liberar um neurótico das amarras
que o prendem é regrar um psicótico a quem faltam amarras

O interesse dos nossos pesquisadores era tentar entender a velha questão da medida, localizada na vida psíquica das pessoas, mas, considerando o contexo humano da convivência, na qual, para que todos ganhem, todos têm que perder alguma coisa.

Como regrar os desregrados? Como limitar os ilimitados? – era isso que eles se perguntavam.

Mas, que pessoas pesquisar? Que grupos humanos?

Pesquisas são caras, e você, leitor, bem que poderia ser mais mão aberta, menos mão-de-vaca e contribuir – entre em contato com nosso time do departamento comercial e faça um plano de contribuição com eles.

Finalmente, os pesquisadores decidiram limitar a maluquice humana a dois grupos, um grupo de gente regrada de mais e outro grupo de gente desregrada demais. Buscamos apoio científico com nosso time de psicólogos, que nos identificaram os malucos: neuróticos, os do primeiro grupo; psicóticos os do segundo grupo. Em comum, a medida, que sobra para os primeiros, e falta para os segundos.

Em função da falta de grana (ler o quarto parágrafo, acima), nossos pesquisadores decidiram reunir a malucada toda em uma sala, em vez de sair por aí perguntando para o primeiro maluco que aparecesse – se bem que o que não falta é maluco! Essa foi outra inovação: nada de ficar perguntando, prancheta na mão, gravador ligado, nada disso.

Os pesquisadores foram criativos, inovaram na cenografia: a sala foi totalmente decorada com cordas as mais diversas, das mais diversas cores, grossuras, tensões e materiais. Não foi dada a eles nenhuma orientação (o que provocou a indignação dos neuróticos e a delícia dos psicóticos): que fizessem o que quisessem com as cordas.

Ainda bem que nossos pesquisadores agiram com rapidez: porque, em nome de não terem sido colocadas regras de convivência, o que se viu foi um pouco de tudo: neurótico se arramando na própria cadeira (temendo avanço de algum psicótico surtado); neurótico amarrando neurótico; psicótico berrando feito louco, psicótico enrolando corda no pescoço, no próprio e no pescoço alheio, inclusive nos pescoço dos pesquisadores que entraram na sala para encerrar com o experimento de convivência.

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