Nossa especialidade como pesquisadores científicos profundamente comprometidos com a verdade não inclui a abordagem de certos assuntos. Mas, como você sabe, leitor prezado, não fugimos da raia nem evitamos temas potencialmente espinhosos. Este é um caso.
É o caso, mais exatamente da conhecida DR, situação que acontece um milhão de vezes por dia em tudo que é canto do mundo, quando muitas vezes por um motivo banal, que pode ser o esquecimento de uma toalha molhada na cama, ou uns meros e míseros pingos de xixi na tábua da privada, ou uns dias que você chegou meio (para não dizer totalmente) bêbado em casa, cheirando forte e foi direto pra cama, sem dar uma passada no chuveiro, ou quando você esqueceu o aniversário de casamento ou de nascimento da companheira (gente, quem já não passou por isso?!), ou, do outro lado, quando as amigas estão sendo mais interessantes do que você, ou quando alguém salgou demais o bife, ou quando pela décima vez um diz pro outro que a sua (dele, dependendo de quem puxou a DR) mãe ou sogra é uma chata de galocha, você não aguenta mais nem olhar para a cara da velha, sem falar naquele tio (seu, dele ou dela) do pavê, que se acha especialista em política tanto quanto é em biriba, sem falar que você (ele ou ela, dependendo de quem puxou a DR) está criando muito mal esse filho, está dando muita moleza, assim ele vai virar assim meio afeminado, e a filha, então?! Sei não, esse cabelo escovinha, essas tatuagens, e essa amiga dela que ela traz direto aqui em casa, isso não está certo! Sem falar que você (ele ou ela, dependendo de quem puxou a DR) não tem ido à reunião de pais e mestres na escola, porque você (ele ou ela, dependendo de quem puxou a DR) sabe que lá vão falar um monte para nós!
Quem já não passou por isso, não é mesmo, leitor? Provavelmente essa semana mesmo. E aí, conversa-vai-conversa-vem, a temperatura emocional vai subindo, até porque é necessário discutir como pagar as dívidas, zerar os boletos, lembra do romantismo dos velhos tempo quando eram todos jovens e fogosos e não esse casal tipo gelo-seco, sem falar naquele seu (ele ou ela, dependendo de quem está puxando a DR) irmão que pediu dinheiro mais uma vez, não trabalha o vagabundo!!!
Pronto: sem ninguém saber como nem os motivos, e um braço avança resoluto, rasgando o ar rumo ao rosto – mas tapa de amor não doi, e a gente se ama. (Ao menos até a próxima DR.)
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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