Nosso inteligente leitor, de faro apurado, sabe que, antes do desenvolvimento da Agricultura, a vida dos nossos ancestrais não era nada fácil – nenhum restautante de fast food próximo (ótimo), nenhuma lanchonete fast food próxima (ainda melhor), sem aplicativo de entrega (legal também).
Então, restava o quê? Comer o que estivesse à disposição. Mas o que estava à disposição? Algumas poucas frutas na Natureza mas, o grosso da comida vinha mesmo da caça a que nossos arqui-avós tinham que correr atrás. Nessa corrida, parte do bando morria tentando caçar a caça; outra parte morria emboscado por algum outro predador; sobrava alguma carcaça deixada por caçadores mais dotados do que nossos arqui-nós. Nos ensinam os pesquisadores da área que esse consumo, que durou milênios, foi moldando nossa incipiente gastronomia. O fato é que, por absoluta falta de excesso, comíamos pouco; mas, esse pouco dava pro gasto (mesmo porque não havia alternativa), o que fez com que acabássemos nos habituando a esse kit quantidade/qualidade disponível. Mas, aí veio a agricultura e ao invés de sairmos correndo atrás de mamutes e bisões e outros bichos, fomos nos acostumando a plantar nossa própria comida. A variedade foi ficando cada vez maior. Bem como a barriga do homem. O cardápio aumentou enormemente: parece que o homem, recém-acostumado a ter mais do que estava habituado, tirou a barriga da miséria.
Desde desse período (e lá se vão aí uns 10 mil anos), a coisa só não melhorou de vez para todo mundo porque tinha gente (e sempre tem gente desse tipo de gente) que não estava interessada em que todos tivesse acesso à comida. Até que aquela gente percebeu que alimentar todo mundo à farta, para além da saciedade, era muito melhor e mais barato do que sair matando todo mundo em guerras (se bem que uma guerra satisfaz o apetite homicida dessa gente). Resultado: está todo mundo com comida sempre à mão e à boca, a um simples pedido. Fala a verdade: muito mais barato do que balas e tanques e bombas e granadas – concorda?
Reprodução permitida, desde que citada a fonte. Caso contrário vamos soltar os cachorros em cima do infrator. ;-)
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